No dia do aniversário de 83 anos, o cantor fala sobre a voz, a amizade com Ângela Maria e elogia caso polêmico
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Performance do fluminense ainda desperta histeria das fãs. Foto: AG. Azimute/Divulgação |
Faltam
menos de 5 minutos para o show e Cauby Peixoto ainda nem jantou. Acomodado
confortavelmente no sofá vermelho do camarim, parece não se preocupar com o
tempo. A serenidade faz parte do figurino do artista, fruto, certamente, do
traquejo adquirido nas mais de seis décadas de carreira. Não há o que temer. Do
lado de fora do recinto, no salão principal do Bar Brahma, na capital paulista,
onde ele se apresenta há 11 anos, as fãs, quarentonas ou mais, parecem ansiar
pela chegada de um astro juvenil, ou coisa que o valha. Cauby já passou do
juvenil há alguns anos, mas continua a causar histeria. “Elas gostam do que é
bom, modéstia à parte”, diz o intérprete, nos instantes que antecederam o
concerto da última segunda.
“Por isso uma força, me leva a cantaaar…”, surge
o gigante de 1,86m na porta. Do backstage ao palco, Cauby, de microfone à mão,
caminha lentamente por entre o público. A dificuldade no andar é amenizada pela
ajuda de seguranças. Cumprimenta alegremente os admiradores e recosta-se
elegante na cadeira em que ficará pela hora seguinte, desfilando o afamado
vibrato em canções sem prazo de validade. “Eu tenho muita sorte, realmente. A
tendência é a voz acabar com a idade. Eu sou o contrário: ganhei grave. Ficou mais
romântica, mais bonita”, analisa, no camarim.
O Bar Brahma — ali, no coração da capital
paulista, onde a Ipiranga se cruza com a Avenida São João — recebe Cauby às
segundas, quinzenalmente, independentemente de a casa encher ou não. No começo,
era toda semana. A última apresentação viu-se esvaziada por conta de um
problema na divulgação. No dia, o cantor se dizia animado com os preparativos
para o aniversário, a ser comemorado hoje em um restaurante paulistano.
“Convidamos vários amigos do coração. Vão todos em dois ônibus para lá”, conta.
Ele completa 83 anos.
No palco, enfileira sucessos. Se todos fossem
iguais a você, Alguém como tu e Luzes da ribalta estão lá, além de Bastidores e
Conceição. “São as duas que ele não pode sair sem cantar”, diz a empresária,
Nancy Lara. Os versos saem em francês (La vie en rose), italiano (Dio, come ti
amo), espanhol (Quizás, quizás, quizás) e inglês (New York, New York). Cauby
parece estar brincando. Por vezes, emociona-se com as próprias interpretações.
“Essa dá vontade de chorar e tudo”, solta, após derramar O mundo é um moinho.
Confidências
Nascido em Niterói (RJ), Cauby mora atualmente
em Higienópolis, bairro nobre paulistano.
Caseiro, diz que ama dormir quando não está
fazendo shows, e confidencia: adora assistir a novelas. Amor à vida esteve
entre as preferidas. Cauby aproveitou para comentar o beijo entre dois homens
em horário nobre. “Foi uma coisa sincera, não é?! Um amor que nasceu entre os
dois, então deve-se comemorar. Achei bonito”, diz.
Gosta de ouvir rádio também. “Luan Santana canta
bem”, comenta.
No embate entre Conceição e Bastidores, Cauby
garante que a primeira é a mais famosa em sua voz. Mas tem carinho especial
pela segunda, criação de Chico Buarque. “Eu não quis nem ouvir, gravei logo.
Tudo que é do Chico é bom”, alegra-se, cantarolando um trecho. “Às vezes, sou
aplaudido de pé quando a canto”, diz.
Números
1951
Ano em que Cauby gravou o primeiro disco da
carreira
46
Número de títulos na discografia do cantor
1
Prêmio Grammy Latino recebido por Cauby, em 2007
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