E não encontro pra o lema uma resposta.
As ideias sucumbem na fonte morta,
Inexplicando o próprio nascimento.
Noite fria não me traz contentamento;
Vejo vultos, difusas estruturas.
Num quadro trágico de feias criaturas,
Encontro-me sem ser esclarecido.
O silêncio da noite é que tem sido
Testemunha das minhas amarguras.
Quando criança eu sonhava em ser adulto,
Pra me tornar herói da fantasia.
Hoje no mar da amarga nostalgia,
Sou marinheiro na rota do oculto;
Da esperança, um exilado, um luto;
Uma galeria com sombras sem pinturas;
Andarilho das campinas mais escuras;
Caleidoscópio de um reflexo oprimido.
O silêncio da noite é que tem sido
Testemunha das minhas amarguras.
Sou sentinela da nebulosidade,
Provador de angústia e pessimismo;
Um exilado da paisagem romantismo,
Simpatizante da própria adversidade.
Releio ensaios que fingem pregar verdade,
Vou encontrando pseudas-literaturas;
Uns matutinos com alegres caricaturas,
Indiferente ao poeta aborrecido.
O silêncio da noite é que tem sido
Testemunha das minhas amarguras.
Flávio Petrônio.
(3 estrofes do monólogo Silêncio Gritante, de minha autoria. Mote: Severina Branca)
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