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Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

domingo, 8 de setembro de 2013

Música: Parceria » Brodagem acústica: Lenine e Lula Queiroga comentam amizade de 30 anos

Disco de estreia dos músicos pernambucanos foi lançado há 30 anos e será relembrado em show no próximo sábado, no Baile Perfumado
Um registro dos 20 e poucos anos, em ensaio para o lançamento do disco, no Rio de Janeiro. Foto: Arquivo pessoal
Um registro dos 20 e poucos anos, em ensaio para o lançamento do disco, no Rio de Janeiro. Foto: Arquivo pessoal


 Lenine e Lula Queiroga não se incomodam quando as vozes são confundidas. Irmãos há mais de 30 anos - são traídos pela memória quando forçam para relembrar o primeiro encontro -, os dois parceiros musicais pernambucanos estão em tempos de “comemórias” (comemoração das memórias) e “celembrações” (celebração das lembranças), como brincam.

A partir desta terça-feira, vão se encontrar em estúdio para recordar os acordes das faixas de Baque solto(1983), o marco inicial e nada bem-sucedido da carreira da dupla, que estarão no repertório comemorativo do show homônimo, no próximo sábado, no Baile Perfumado.

Quando Baque solto foi gravado, os dois eram jovens adultos recém-chegados ao Rio de Janeiro - sem grana, sem emprego e sem “colo de mãe”, como Lenine costuma falar. Mas com muita garra e vontade de fazer música. As músicas faziam parte do show Trem fantasma, que cumpriu temporada no Teatro Ipanema, em 1982.
Na farra: Lenine e Lula Queiroga no primeiro desfile do bloco Quanta Ladeira, em 1997. Foto: Arquivo pessoal O projeto do LP foi resultado de apadrinhamento por Roberto Menescal (um dos criadores da bossa nova), à época diretor da gravadora Polygram. 
Não rendeu visibilidade, mas também não cerceou o desejo de fazer música. As dificuldades latentes trouxeram Lula de volta ao Recife, onde investiu também na carreira de produtor e publicitário. Lenine persistiu no Rio de Janeiro, mas conseguiu lançar o segundo álbum, Olho de peixe, apenas em 1993, em parceria com Suzano, quando chamou atenção do público nacional.

Em 2013, já com cabelos brancos e sem os apertos profissionais da época e envoltos pelo clima de nostalgia provocado pela junção das pessoas envolvidas no projeto e pelas recordações dos louváveis 20 e poucos anos, os amigos relembram a amizade de décadas.

Serviço
Comemoração de 30 anos de Baque solto no Baile Perfumado
Quando: Sábado (14), às 23h30 (a casa abre às 22h)
Onde: Baile Perfumado (Rua Carlos Gomes, 390, Prado)
Ingressos: Pista: R$ 80 e R$ 40 (meia). Mesa para 4pessoas: R$ 500
Informações: 3033-4747

 Entevista // Lenine

“Você tem irmãos de sangue e os que escolhe. Lula é o irmão que escolhi”

Quando e como você conheceu Lula Queiroga? 
Rapaz, tenho a impressão de que foi em um daqueles festivais de música que a gente frequentava, lá pelos finais de 1970. Se eu chutar, é capaz de meu parceiro, que tem memória melhor, me fazer. Eu tinha lá pros 19, 20 anos.

 O que vocês costumavam fazer e ouvir?
Tinha Milton, que era um farol muito poderoso, uma novidade incontestável para todo mundo. Mas também Gonzaguinha, que a gente ouviu em demasia. Além disso, tinha a cultura popular, de que estamos impregnados. Não tenho a mínima ideia dos lugares. A gente costumava beber muito. Qualquer pretexto servia para se encontrar, tocar violão e esconder as garrafas de cerveja, que eram muitas. (risos)

Como foram os primeiros momentos no Rio de Janeiro? 
Eu fui um pouco antes. Foram todas as dificuldades que você possa imaginar. A vida sorriu amarelo naquela época. O som da gente não tinha nicho nem teve eco, a gente fazia um tipo de música que não teve resposta. Mas a gente foi cabeça dura


No camarim, após participação de Lenine no show de lançamento de
No camarim, após participação de Lenine no show de lançamento de "Tem juízo mas não usa", de Lula, no Rio de Janeiro. Foto: Moacir Torres/Divulgação

Como eram as relações de vocês com as mulheres? Eram muito paqueradores?
A gente foi namorador sim. Quem não é? Na verdade, para mim, a música foi um libertador. Eu tinha uma incapacidade de lidar não só com o sexo oposto, mas com a humanidade. A música facilitava tudo.

Como foi a turnê de Baque solto? É verdade que Patrícia Pillar foi camareira? O que mais tinha de curioso no projeto?
Não sei quem inventou essa história de Patrícia. Não lembro dela como camareira, mas lembro de ela levar flores e arrumar o camarim, durante a temporada no Teatro Ipanema. João Mário, que era o produtor, no primeiro dia fez uma turnê com o grupo Céu da Boca. Então tivemos ajuda do Menescal (Roberto), queridíssimo, na época diretor da Polygram. Luiz Roberto Bertrand foi produtor, um anjo da guarda para mim e para Lula. Temos um débito histórico com ele. Ele não está mais entre nós, mas fica aqui o eterno agradecimento.

Qual a parceria com ele de que você mais gosta?
Tu vais perguntar ao pai qual o filho mais bonito, é? Cada música tem uma peculiaridade. Só quem criou sabe, sacou? Com Lula, tenho muita coisa juntos. É difícil. Não poderia eleger.

Como é o processo de composição de vocês?  
Cada vez que tenho desejo de fazer um disco, ligo para meus pares, meus irmãos. A gente compõe conversando assuntos interessantes. Tem mecânica não. Tanto eu como Lula, a gente trabalha com letra e música. Lula é um puta cronista. Ultimamente, nossas músicas têm sido através de textos dele, ou músicas dele. Tem essa promiscuidade sadia. 

Como e com que frequência vocês se falam?
É meio de lua. Durante muito tempo, fazendo as turnês, eu ligava a cobrar, dizendo que tava ligando do futuro. Às vezes, eram 3h, 4h da manhã. Só amigo muito íntimo que faz uma coisa dessas. Mas não lembro a última vez que fiz isso… Temos muita coisa em comum. Somos muito irmãos e passamos muitas coisas juntos. Você tem irmãos de sangue e os que escolhe. Lula é o irmão que escolhi.

Entevista // Lula Queiroga

"Todo mundo ficava meio hipnotizado com Lenine"

Quando e como você conheceu Lenine? De cara, a música já foi algo que os uniu? 
A gente se cruzava em alguns lugares, shows, tínhamos amigos em comum. Lenine tinha montado uma banda chamada Flor de Cactus com Zeh Rocha, Caca Barreto (da Muzak), Mario Lobo. O front man, o crooner, da Flor de Cactus era Lenine. Todo mundo ficava meio hipnotizado com o cara. Eu tinha 18, 19 anos. .
Amigos em show de encerramento do carnaval, em 2009. Foto: Alexandre Gondim/DP/D.A Press
Amigos em show de encerramento do carnaval, em 2009. Foto: Alexandre Gondim/DP/D.A Press

  O que vocês costumavam fazer e ouvir?
Meus points eram mais em Olinda, Bar Atlântico, Ecológico, Centro Luiz Freire, casa de amigos músicos, artistas. Mas minha casa era uma festa. Organizei festivais. Ouvia muita coisa, principalmente o que tava rolando de bom daqui do Nordeste. Alceu, Zé Ramalho, Fagner, Belchior, Geraldo Azevedo. Além do disco do Ave Sangria, Lula Côrtes. 

Como foram os primeiros momentos no Rio de Janeiro? 
Lenine foi primeiro. Teve no Recife no verão e voltou pro Rio com um filho pra nascer (hoje, o incrivel João Cavalcanti, do Casuarina). Eu cheguei quase um ano depois. Tava todo mundo na batalha, dinheiro curto. A vida foi entrelaçando nossos caminhos. Mas a gente sempre teve uma identificação muito grande. Musical e de alma.

Como eram as relações de vocês com as mulheres? 
É claro que com o grau de exposição, shows, canjas, agito a gente era muito assediado. Era natural chegar no camarim depois do show e estar cheio de gatinhas amigas ou não. Mas a gente já era comprometido, apaixonado. Aliás, meu filho Rafael Queiroga nasceu um dia antes de entrarmos em estúdio. E nossas mulheres eram as produtoras. No way.

Como foi a turnê de Baque solto? É verdade que Patrícia Pillar foi camareira? O que mais tinha de curioso no projeto?
Na verdade, fizemos temporadas no Rio. Isso de Patrícia não é verdade. Ela levava flores pro camarim, dava um trato. Era tudo muito carinhoso. Ela era namorada do Zé Renato, do Boca Livre. Magrinha dos olhos brilhantes. Uma luz. Antes do show começar, a gente levava microfones pro camarim, juntava a banda toda e começava a cantar e batucar. O som saía pra plateia. Ninguém entendia o que era aquilo. Era um descarrego. Não tinha negócio de prece. Às vezes, demorava minutos e então a gente entrava no palco. A galera adorava. Será que vamos repetir isso no dia 14, no Baile Perfumado?

Qual a parceria com ele de que você mais gosta?
Gosto muito de A ponte. É uma música ícone em que cantamos o Recife por outro prisma. Ganhamos o Prêmio Sharp em 1998. Ganhamos de Gil e de Milton. Outra que me amarro é a A rede. Enfim, gosto de todas.

Como é o processo de composição de vocês?  
Completamente irregular. Presencial, quando a gente está junto e por acaso começa a tocar alguma coisa. Também tem o processo quando a gente começa a tocar a partir de uma batucada, uma história. Pode ser mandando letras. Já teve um dia por secretária eletrônica. E também as encomendas.

Como e com que frequência vocês se falam?
A gente se fala muito por telefone, mas, quando se encontra, passa um dia, dois. No primeiro dia deste ano, ficamos até o outro dia de manhã.

Luiza Maia
Diário de Pernambuco

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