Acho até bem estranho falar de
disco solo quando se trata de Humberto Gessinger. Primeiro, porque nos 19
discos anteriores que ele lançou, ele quase sempre tinha o comando da situacao,
fosse com os Engenheiros do Hawaii, HG, Gessinger Trio, Pouca Vogal.
Depois, porque Insular é
repleto de participações de vários músicos desses projetos anteriores, além de
novas aquisições, como Bebeto Alves, Nico Nicolaiewsky, Frank Solari e Ricardo
Tavares (Esteban, ex-Fresno).
“Resolvi assumir o nome
solo pois não usei uma banda fixa na gravação do Insular, convidei vários músicos que admiro, usei várias formações. Mas
não houve ruptura na maneira como escrevo e toco, só amadurecimento”, conta
Humberto, no material de divulgação do disco.
Insular foi oficialmente lançado na semana passada e, por
enquanto, esta disponível apenas de duas formas: virtualmente pela loja do iTunes (por US$ 8,99) e em CD pela loja da Stereophonica por
R$30, mais o frete de R$7.00
O preço salgado tem uma
justificativa. O CD vem autografado por Humberto – e não é autógrafo genérico
não. É personalizado com o nome do comprador. O despacho não é rápido: leva até
15 dias úteis, tempo para que o músico possa autografar o disco.
Achei Insular bem
dentro do que se espera de Humberto Gessinger. Letras com muitas analogias,
refrão grudento , rock sem firulas. E, desta vez, talvez uma dose um pouco
maior do que a habitual de música gaúcha tradicional.
A
maioria das faixas lembra muito os anos noventistas dos Engenheiros, como Sua graça e Bora. Gostei muito das faixas com acordeon e
gaita de fole (a sanfona de oito baixos com uma afinação diferente), como Recarga e Segura a onda. Só não entendi porque o iTunes colocou
aquele selo de alerta aos pais para “conteúdo explícito”. Humberto é tão
família…!
Comentário de Humberto Gessinger
No
blog dele, o músico falou sobre a experiência de ouvir novamente o
disco, agora já disponível para o público. “Compus, ensaiei, gravei, mixei,
lancei… e dei um tempo pra esquecer e tentar ouvir o Insular de forma menos
cerebral. Quase sempre é necessário; só às vezes é possível. Cada vez mais,
tento viver as paixões em vez de falar delas”.
“Numa dessas audições surreais e
emocionadas, em dois momentos me veio à boca um sorriso: (1) aos 3’53″ de
Recarga quando se ouve o barulho da mão pressionando a chave que muda o registro
do acordeon e (2) aos 3’06″ de Tchau Radar, A Canção quando engato outra marcha
no órgão Hammond”.
“Não são solos incríveis nem versos
bem bolados nem sacadas de harmonia nem achados melódicos; são só dois acasos,
momentos fortuitos, detalhes insignificantes que, para mim – irracionalmente –
fazem a maior diferença.”
A última passagem de Humberto Gessinger pelo
Recife foi em maio, em um histérico e lotado Teatro da
UFPE. Em formato de trio, ele fez um show pré-Insular e tocou apenas duas canções do disco.
Pelo sucesso da apresentação, não deve demorar para ele retornar com o show do
disco.
Para
quem espera a volta dos Engenheiros do Hawaii, vale lembrar que Humberto disse
ao Play que isso deve demorar alguns anos para acontecer. No mínimo, mais uns três.
Faixas:
01. Terei Vivido
02. Sua Graça
03. Bora
04. A Ponte Para o Dia (participação de Bebeto Alves nos vocais)
05. Tchau Radar, A Canção (participação de Rodrigo Tavares nos vocais)
06. Tudo Está Parado
07. Recarga (participação de Luis Carlos Borges no acordeon e vocais)
08. Milonga do Xeque-Mate (participação de Frank Solari na guitarra)
09. Insular
10. Essas Vidas da Gente
11. Segura a Onda, DG (participação de Nico Nicolaiewsky)
12. Plano B
Não, Humberto Gessinger não faz parte do Black Bloc. Ele só estava com frio
Por Carolina Santos
Diário de Pernambuco
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