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Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

domingo, 15 de setembro de 2013

CAIXA: A pluralidade musical de Vinicius de Moraes



A Vinicius de Moraes um artista plural, a começar pelo nome, com o qual se fez muitos trocadilhos. Assim como o célebre trocadilho que fez com o nome do maestro Moacir Santos, que não foi um, foi tantos. Vinicius foi muitos, e este muito nunca foi tão explicitado quanto na música que compôs, a grande maioria com parceiros. A caixa A bênção Vinicius – a arca do poeta (Universal Music), reúne 20 discos, que realçam as diversas faces musicais do poeta, mas mesmo assim incompleta.A quase totalidade do que ele lançou em disco foi reunido na caixa Como dizia o poeta, organizada pelo pesquisador e produtor Marcelo Fróes, para a própria Universal Music, em 2001.
A seleção desta caixa é de do produtor Ricardo Moreira, que se incluiu apenas os álbuns lançados pela antiga Phillips, atual Universal Music, mais os outros selo agregados ao acervo da gravadora, Elenco, Ariola e EMI Aqui estão dois discos que não constam da caixa anterior, o Arca de Noé, cujo segundo volume foi lançado depois da morte de Vinicius. Traz também a coletânea inédita Pela luz dos olhos teus, com fonogramas de fases diversas de Vinicius, gravados por nomes como Elis Regina, Edu Lobo, Miúcha, Nara Leão e o Secos & Molhados (o poema Rosa de Hiroshima, musicado por João Ricardo). A coletânea em dois volumes, merecia ser vendida separadamente pela panorâmica que dá da obra musical de Vinicius de Moraes, na voz de um time variado de intérpretes. Geralmente ligado à bossa nova, ou a parceria com Toquinho, Vinicius foi cantado por Trio Mocotó (A tonga da mironga do kabuletê), Simonal (tem dó), Jair Rodrigues (O morro não tem vez) e Zeca pagodinho (Pra que chorar). 


A obra fonográfica de Vinicius de Moraes é caudalosa, embora tenha começa relativamente tarde a carreira artística, para valer, em 1957, a partir de Orfeu do Carnaval, o musical que assinou com Tom Jobim, inaugurando a parceria mais célebre da MPB. O compositor insinuou-se na vida de Vinicius de Moraes antes do primeiro livro de poemas. Em 1928, aos 15 anos, escreveu a letra de Loura ou morena, melodia de Haroldo Tapajós: “Cabelo louro vale um tesouro/é um tipo fenomenal/cabelos negros têm seu lugar/pele morena convida a amar/o que vou fazer?”. A música seria gravada em 1932. Faria outras nos anos 30, mas a diplomacia o carregou para outros países, e o distanciou dos parceiros. Aflorou o poeta maior, que ofuscou o compositor até sua volta ao Brasil, quando encetou mais uma parceria, desta vez com Paulo Soledade, que musicou o Poema dos olhos da amada. Na mesma época Vinicius aparece como parceiro de Antônio Maria, no samba Quando tu passas por mim, gravado por Aracy de Almeida.

 Mas Vinicius de Moraes só encararia para valer a carreira, inicialmente, paralela, de compositor de música popular depois que conheceu um jovem pianista, no Bar Gouveia, próximo à Academia Brasileira de Letras (há quem jure que foi no Vilarino, na Calógeras, quase Centro do Rio). A apresentação feita pelo amigo comum, e crítico de música, Lúcio Rangel. O poeta estava com o texto de um musical escrito à procura de quem lhe botasse melodia. Reza a lenda que um desinteressado Tom Jobim, o tal jovem pianista, aceitou o convite de Vinicius, depois que este respondeu afirmativamente à sua pergunta: “”Levo um dinheirinho nisso?”. Levou, e inaugurou com o poeta a moderna música brasileira, cuja característica, eram as harmonias com influências dos impressionistas, e as letras leves e coloquiais, que antecipavam a bossa nova. Aliás, mais do que as melodias, as letras de Vinicius e a interpretação e batida do violão de João Gilberto tornaram a BN diferente da música que se fazia até então no Brasil. Depois deles, adeus versos empolados como “merencória luz da lua”, ou intérpretes de inclinações ao bel canto, e os vibratos.
Orfeu da Conceição - trilha sonora da peça teatral, lançado em 1956, pela Odeon, tem o violão de Luiz Bonfá e a voz de Roberto Paiva, orquestrações e regência de Tom Jobim, e declamação de Vinicius de Moraes, no monólogo de Orfeu, que fecha o disco. É o título inaugural da obra do poeta, e da caixa A bênção Vinicius. Orfeu a Conceição rendeu o primeiro clássico da dupla, Se todos fossem iguais a você. Mas Vinicius mudava mais de parceiros do que de mulher. manteve até o final da vida uma saudável promiscuidade de parceiros. Ainda na bossa nova pulou de Tom Jobim para Carlos Lyra. Veio em seguida Baden Powell, parceria representa na caixa com dois álbuns antológicos: De Baden e Vinicius especialmente para Cyro Monteiro (1965), cujo intérprete é o sambista para quem as música foram compostas. O segundo é Os afro-sambas de Baden Vinicius (1966), com o Quarteto em Cy, e Baden Powell, com arranjos e regência de Guerra Peixe. Um disco que Baden Powell, cujo repertório, no final da vida, se recusaria a tocar pela citação aos orixás (a faixa final Lamento de Exu é um sol ode violão dele).

ALTOS E BAIXOS
Autor de poemas suficientemente bons para ser escalado como poeta maior num time em que figurava m Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade, Vinicius sabia descer o nível com categoria para escrever letras, não se arvorando a poeta neste item, embora tenha feito letras primorosas, como a de Felicidade, sob melodia de Tom Jobim (para o filme Orfeu do carnaval, de Marcel Camus). Uma das suas melhores letras e a do clássico Chega de saudade, dos impagáveis e brejeiros versos: “Mas se ela voltar, se ela voltar/que coisa linda, que coisa louca/pois há menos peixinhos a nadar no mar/do que os beijinhos que eu darei Na sua boca”. Letras que nasciam com o clima de cada canção. Para o “parceirinho” Edu Lobo (então com 22 anos), compôs a sisuda Arrastão, em 1965. Para a trilha de Garota de Ipanema (Leon Hirszman, 1967) chegou a compor uma iê-iê-iê, Por você (com Francisco Enoé), gravado por Ronnnie Von.




 Sem preconceitos gêneros musicais, Vinicius aceitaria a tarefa de assinar, em 1972, a versão para o português da ópera rock hippie Jesus Christ superstar, de Lloyd & Weber, um dos trabalhos mais obscuros de sua obra musical, um dos álbuns da caixa A bênção Vinicius, nem todo de música. Um dis discos é o Antologia poética (1977) em que ele declama seus poemas, uma seleção baseada na compilação homônima, lançada pela Editora Sabiá, de Rubem Braga. Fora da diplomacia a partir de 1969, Vinicius se entregaria apaixonadamente à musica, não apenas como compositor. Naquele mesmo ano, ele começaria a fazer canções com Toquinho, sua parceria mais longa. Longe do Itamaraty ele se podia dar ao luxo de virar superstar. Não mais seria o poeta, como acontece no disco com Odette Lara (1963, com arranjos de Moacir Santos). 
Os dois passaram a fazer música aos borbotões, nem sempre privando pelo crivo da qualidade. O samba pop da dupla Vinicius & Toquinho tomou conta do país, vendeu centenas de milhares de discos criou imitadores, como Antônio Carlos & Jocafi ou Tom & Dito, e levou Vinicius a finalmente ganhar muito dinheiro com música, também como cantor. Esta fase está representada na caixa por cinco CDs: Vinícius Canta Nossa Filha Gabriela (1972),Toquinho & Vinícius (1975), Toquinho & Vinícius (1974), 10 Anos de Toquinho & Vinícius (1979) Um Pouco de Ilusão (1980) 

 José Teles
Jornal do Commercio

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