Seguidores

Para Que Vim


Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Poesia: Paulo Passos, poeta e professor literário


Paulo Roberto dos Passos e Silva, natural de São José do Egito, Alto sertão do Pajeú, é filho dos poetas José Soares da Silva e Beatriz Gomes dos Passos e Silva. É graduado em Letras pela Autarquia de Ensino Superior de Arcoverde/PE (AESA)        e pós-graduado pela Faculdades Integradas de Patos/PB. É, hoje, professor de Língua Portuguesa e  Literatura, na escola de referência na cidade de Tuparetama -PE.
Tem participação no livro Antologia poética retratos do sertão (Marcos Passos) e é autor dos Cordéis: Fauna sertaneja, Pedras soltas desenhadas pela mão do criador (em parceria com Beatriz Passos);      O homem, o tempo e o amor; Nordeste independente e Cordéis escolares e por último lançou o livro de poesias: Cancão, um gênio Inocente, que teve boa aceitação dos críticos e  admiradores da poesia.
                                                 Texto: Paulo Passos



O TEMPO


O tempo, meus amigos, é um ladrão
Que rouba a juventude e a fantasia,
Que tira, dos fulgores, a alegria
E só devolve dor e solidão.

Invade nossas vidas, qual tufão
Varrendo o que restou da utopia,
Deixando marcas de melancolia
Nas cordas de um sofrido coração.

Porem, a mente humana, estranha nave,
Que nem o tempo vil pode invadir,
Viaja em pensamentos, segue o rumo,

Porque a esperança é uma ave
Que se empoleira n’alma, e faz surgir
Caminhos novos, mesmo que sem prumo


 *MARTELOS AGALOPADOS

Mata rude, poema vislumbrante,
Que expõe o teor da natureza,
Serra, monte, a chapada, que beleza!
As braúnas soberbas, sol gigante.
A planície de cor tão cintilante,
Muitas feras que o solo atravessaram;
“Os caciques nas lutas que ganharam”,
Muitos casos repletos de memórias;
São poemas gravados nas histórias,
Que os tempos cruéis também levaram.  

Madrugada de um dia encantador,
Em que a terra tranquila ainda dormia,
Nevoeiro no bosque, que escondia
O clarão divinal com esplendor.
Na cortina da tarde, ao sol se por,
As estrelas no céu, sutis piscavam;
Quando as flores no prado namoravam,
Pela mata, chorava uma acauã;
Onde “os véus da tristeza da manhã”
Prantos, dores na terra, derramavam.    

Cada verso ou estrofe de Cancão
Nos remete ao poder da sinfonia,
Suas rimas traduzem uma magia
Ao falar das belezas do sertão.
Nos mostrou, na sutil vegetação,
A destreza dos pássaros pequeninos,
Que fugiam dos golpes tão ferinos
De outra ave que voa sobre a serra,
Retratando nas “tardes dessa terra,
Gaviões de punhais tão assassinos”.     

Cancão viu borboletas tão bonitas
Pelas rosas molhadas de orvalho,
Sabiás solfejando em algum galho,
Andorinhas cismadas, esquisitas.
Viu nas relvas, as garças bem aflitas,
Rouxinóis pelas palhas dos coqueiros;
Viu nos lagos, os densos nevoeiros
Escondendo segredos pela mata,
Escutou a sinfônica da cascata,
Nas braúnas, “canções madrugadeiros”.  


Sua verve, poeta, é alegria,
Ao falar de uma rosa lá do mato
Que continha um murmúrio muito grato,
Como a água da fonte da poesia.
Com afagos da brisa calma e fria,
Cancão viu o arco-íris na amplidão;
O aroma da rosa sobre o chão,
Liberava um orvalho divinal,
Qual rainha fiel do matagal,
Enfeitava essa flora do sertão. 

Que beleza, Cancão, O bananal
Majestoso, sadio, verde e bonito,
Onde abelhas de um bosque esquisito,
Procuravam sugar mel magistral!
E colhendo esse néctar divinal
Dos divinos serenos, flamejantes,
Fabricavam esse mel pelos instantes,
“No contato sublime da aragem”;
Como fosse um “rumor de uma roupagem”
De umas matas desertas e distantes.  

Seu poema Caraibeira morta
Mostra todo o poder da inspiração,
A linguagem sublime de Cancão
É tal qual o verdume de uma horta.
Seus verbetes poéticos nos conforta,
Leva o povo ao delírio da viagem;
Essa árvore que tinha uma folhagem,
Foi morada dos lindos passarinhos,
Mas os galhos secaram aos pouquinhos,
Foi murchando e perdeu sua roupagem. 

Cancão disse, através da poesia,
Que essa árvore já teve a sua história;
Mas morrendo, ficou só na memória,
Pelos cantos do pó da terra fria.
Ao tombar, a gigante nesse dia,
Sob os golpes cruéis de um machado,
“Foi vendida na porta de um mercado”,
Transformada em vil recordação;
Na memória do gênio do sertão,
Que ficou com seu peito machucado

Foi vestida de sol que apareceu
Pra Cancão sua Noiva espiritual,
Uma santa de dom fenomenal,
Com branduras mostrava  o rosto seu.
Com um lençol de alvura prometeu
“Placidez como os pingos da neblina”;
Com as “cores febris da palestina”,
Deu a bênção a Cancão, depois, chorou;
Todo o mundo cruel se transformou
Num encanto de paz, graça divina. 
. 
Paulo Passos

*Martelos agalopados, retirados do livro: Cancão, um gênio inocente.

CANTIGAS E CANTOS

Nenhum comentário:

Postar um comentário