Arlindo Gomes Lopes, nasceu em São José do Egito-PE, no
dia 21 de Dezembro de 1959. Filho de José Lopes da Silva (Tibôa) e Maria do
Socorro Gomes Lopes.
Concluiu os cursos de 1º e 2º
graus no Colégio Édson Simões no ano de 1979. Graduado pela Faculdade de Formação de Professores de Arcoverde em 1985,
no curso de Ciências Físicas e Biológicas. E no Ano de 2002 concluiu o curso de
Especialização de Programação do Ensino de Biologia pela Faculdade de Formação
de Professores de Petrolina.
Leciona na Escola Édson Simões
desde o ano de 1983 e foi oficialmente seu primeiro diretor eleito, aonde
chegou a Administrar por seis anos os rumos deste educandário.
Casou-se
no ano de 1992, com a Professora Maria do Socorro Siqueira Leite Lopes (Tôta).
Desta união nasceu o casal de filhos: Ravi Leite Lopes e Raíra Leite Lopes.
Além
da Profissão que exerce como professor é também pintor publicitário e
cordelista.
Participou
de vários festivais de Teatro (como ator e autor) nas peças: “É assim...”;
“Vive-se Assim” e “O Fim da Morte”. Além destas escreveu “O Preço de um
Presente”,Um Presente do Passado para o Futuro e “Auto da Rua da Baixa.” Ganhou
vários concursos de poesias e obteve expressivas colocações com músicas nos
festivais: FEMPP- São José do Egito e FERCAN – Afogados da Ingazeira.
No ano de 1999, publica o livro “Faces do
Sonho”, o qual foi muito bem aceito pela crítica do Mundo Poético.
Hoje,
Arlindo tem 36 Títulos de cordéis editados, dentre eles estão: “Joca Batista e
o Caixa Eletrônico”, “Biu Doido e suas respostas Geniais”, “Eternos Poetas”,
“Amigo ser ou não ser...”. Além de criar as histórias de cordéis, o poeta é
também o xilogravador de suas capas.
Recentemente
os cordéis “Édipo Rei”, “A Vida de Jesus Cristo” e “A Galinha dos Ovos De Água”
foram publicados, na forma de livros ilustrados, pela Ensinamento Editora Ltda,
Brasília-DF, para fazerem parte do Projeto Cesta Básica da Cultura e do
Conhecimento (CBCC).
Por Socorro Siqueira (Tôta)
Assista Ao Vídeo: Recital - Cantoria (Áudio)
Arlindo Lopes - Festa Universitária - 2002
A PORTA DE SÃO JOSÉ DO EGITO (Cordel completo)
Toda
vez quando penso no passado
O
meu rosto se cobre de ternura
Minha
vista parece mais escura
E
meu choro na mente é ocultado
A
tristeza não larga do meu lado
Minha
dor é rangido de cancela
Que
aprofunda o buraco da mazela
Feito
pelo passado que marcou
Quando
a porta do peito se Fechou
A
saudade escondeu a Chave Dela
Minha
mente forçou mais um desejo
Me
levou ao lugar que me criei
Foi
na “rua do arranco” que morei
Numa
casa com frente de azulejo
Fecho
os olhos, parece que inda vejo
Um
menino sentado na janela
Sou
eu esse pequenino “magricela”
A
viver nesse tempo que voou
Quando
a porta do peito se Fechou
A
saudade escondeu a Chave Dela
No
terreiro de casa fui singelo
Dividia
com outro a brincadeira
Do
Pião, Garrafão, Barra-bandeira
Outro
jogo surgia num “duelo”
Com
castanhas jogadas no “pitelo”
Só
ganhava quem mais tinha cautela
E
torrava um punhado na panela
Pra depois dividir com quem "errou"
Quando
a porta do peito se Fechou
A
saudade escondeu a Chave Dela
A
energia do gás de candeeiro
Clareava
a cozinha, sala e quarto
Só
parteira sabia fazer parto
Sem
cobrar de ninguém nenhum dinheiro
Uma
roupa vestia o ano inteiro
O
calçado comum era a chinela
O
cordão era o cinto sem fivela
E
o prazer de viver nunca falhou
Quando
a porta do peito se Fechou
A
saudade escondeu a Chave Dela
O
coreto da igreja “meu castelo”
Era
palco do velho leiloeiro
Que
na festa só nosso padroeiro
Costumava
vender com seu martelo
Essa
imagem da mente descongelo
Só
invejo a primeira cavadela
Que
apagou do meu ser da vela
E
meu reino não mais se iluminou
Quando
a porta do peito se Fechou
A
saudade escondeu a Chave Dela
Um
dobrado suave ainda escuto
Vindo
lá pelo lado da pracinha
É
o sopro divino da bandinha
É
o toque “silêncio”, um minuto!
Zé
Bizunga, maestro, viveu luto
Pois
a banda morreu na passarela
E
o solfejo da música “aquarela”
Do
Brasil”, nunca mais aqui soou
Quando
a porta do peito se Fechou
A
saudade escondeu a Chave Dela
Ao
pecar, procurei Sebastião
Confessei
todo mal da minha mente
Ele
velho, cansado e já doente
Concedeu-me
de Deus o seu perdão
E
me deu um aviso em oração:
“Meu
irmão Jesus Cristo se rebela
Para
quem esquecer sua capela
Foi
seu padre Rabelo quem falou”
Quando
a porta do peito se Fechou
A
saudade escondeu a Chave Dela
Seu
Vital, o vaqueiro do sertão
Nosso
mais forte herói da vaquejada
Quando
a rês arrancava em disparada
Adentrando
o roçado do patrão
Se
equipava das vestes do gibão
No
cavalo botava sua sela
Não
visava porteira, nem cancela
Só
pensava na rês que desgarrou
Quando
a porta do peito se Fechou
A
saudade escondeu a Chave Dela
Nossa
rua da baixa teve a sina
D’um
asilo, tal qual tamarineira
Com
Milonga, Mané Quelé, Bandeira
Luxim,
Pedro Truvinca, Sapucina
João
Guará, Manteguinha, Carolina,
Peru,
Tia, Zé Gago, Vila Bela.
Vi
Biu Doido com fitas na canela
E
Inácio levando o que sobrou
Quando
a porta do peito se Fechou
A
saudade escondeu a Chave Dela
Eu
descia no rio São José
Tendo
água na beira da barreira
E
chegava no poço “Goiabeira”
Para
dar um perfeito “Canga pé”
E
gelado tal qual um picolé
Me
cobria com a terra amarela
Para
a pele ter “bronze de canela”
Porém,
hoje meu rio já secou
Quando
a porta do peito se Fechou
A
saudade escondeu a Chave Dela
Corre,
corre menino que tá nu
Pois
“o boi de Severo” vai pegar
Só
aquele que quiser trajar
Fantasias
do “bloco papangu”
Disse
alguém mais cuidado tenhas tu
Se
esse boi te pega, te atropela
E
domingo não vais ao “mela-mela”
Não
ligue pois o boi “PIO” matou
Quando
a porta do peito se Fechou
A
saudade escondeu a Chave Dela
O
meu pai, por “Tibôa” conhecido
Foi
na vida o mais bravo lutador
Trouxe
a sina de ser agricultor
Foi
dos homens aquele mais sofrido
Seu
trabalho pesado foi cumprido
Sem
jamais ter alguém qualquer tutela
Odiava
a promessa de Balela
Deu
seu sangue aos seus filhos que criou
Quando
a porta do peito se Fechou
A
saudade escondeu a Chave Dela
“Forasteiro”
meu campo bem lembrado
Todo
dia eu jogava uma pelada
E
fazia da vida uma jogada
No
silêncio cortado por meu brado
Ao
invés de te darem alambrado
Te
tornaram monturo de favela
E
nenhum craque agora se revela
Pois
a bola que lá correu murchou
Quando
a porta do peito se Fechou
A
saudade escondeu a Chave Dela
Na
calada da plena madrugada
Se
escutava uma voz de um seresteiro
Um
rapaz solitário no terreiro
Dedicava
uma música a sua amada
Era
a vida querendo a paz sonhada
Era
um jovem amando uma donzela
Hoje
a minha cidade me revela
Que
o boêmio daqui se retirou
Quando
a porta do peito se Fechou
A
saudade escondeu a Chave Dela
No
barraco boneco foi chorão
Um
amigo que a turma conheceu
Não
se sabe dizer quem não comeu
Beira
seca do couro do barrão
Tira
gosto de toda geração.
Tinha
tripa, preá, peixe e costela
Com
tristeza a cambada tagarela
Chora
a perda de quem tanto chorou
Quando
a porta do peito se Fechou
A
saudade escondeu a Chave Dela
Meu
prazer é dizer que conheci
Lourival,
Jó, Cancão, Zezé Lulu
Pude
ver o talento de Xudú
Em
pé-de-parede que assisti
Eu
confesso que nunca mais ouvi
Cantoria
cantada como aquela
Cada
vate cantou sua querela
Um
a um o seu pranto derramou
Quando
a porta do peito se Fechou
A
saudade escondeu a Chave Dela
Neste
dia fiquei imaginado
No
prazer que me dava a mocidade
Eu
não tinha desgosto, nem maldade
E
na vida vivia a tudo amando
Mas
o tempo por mim se aproximando
Transformou
meu viver numa novela
Nunca
mais pude ter a vida bela
Nunca
mais meu prazer se renovou
Quando
a porta do peito se Fechou
A
saudade escondeu a Chave Dela
Arlindo
Lopes
01/11/95
Cantigas e Cantos
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