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Os atores Odilon Wagner e Caco Ciocler e a atriz Beatriz Segall na comissão Ailton de Freitas / Agência O Globo
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BRASÍLIA - Artistas
e estudantes fizeram na tarde desta terça-feira ato para pressionar a votação
de projeto que regulamenta o pagamento de
meia-entrada em espetáculos artísticos-culturais e esportivos. De acordo com o
texto em debate na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, terão direito
à meia entrada estudantes, pessoas com deficiência, jovens carentes e idosos
acima de 60 anos. O texto limita o benefício da meia entrada a 40% do total de
ingressos O relatório do deputado Vicente Cândido (PT-SP) começou a ser
debatido nesta terça na CCJ, mas a votação foi suspensa e será retomada na
manhã de quarta-feira.
Os atores Odilon
Wagner, Caco Ciocler, Beatriz Segall e Tânia Bondezan acompanharam a votação na
CCJ, assim como os representantes dos estudantes, como o presidente da União
Nacional dos Estudantes, Daniel Iliesco. Estudantes gritaram palavras de ordem
na defesa do projeto. Durante o debate na CCJ, alguns deputados questionaram
pontos do projeto, como o fato de dar à UNE, a Associação Nacional de
Pós-Graduandos (ANPG), a União Brasileira dos Estudantes (Ubes) e entidades
filiadas a ela o poder de emitir e dar o padrão da carteiras estudantis, sem
estender o direito a outras entidades estudantis.
O relator Vicente
Cândido disse que quando o governo retirou, em 2001, a exclusividade das
entidades estudantis de emitir as carteiras estudantis, permitiu o aparecimento
de muitas carteiras falsificadas. Cândido afirmou ainda que o texto poderá
ganhar emendas para dizer de quem é a competência para fiscalizar a oferta de
40% dos ingressos para meia entrada, como, por exemplo, tornar pública a
capacidade do evento. Segundo ele, há anos se discute uma proposta e,
finalmente, foi possível chegar a um entendimento.
— Coube ao
Congresso mediar essa negociação e o relatório foi o texto possível de ser
construído — disse Vicente Cândido.
O ator global
Odilon Wagner, presidente da Associação dos Produtores de Teatro Independentes
(IPTI), destacou que há décadas artistas e estudantes tentam encontrar uma
solução para a meia-entrada e que, finalmente, foi possível chegar a um acordo
que contenta as duas partes.
— A essência da
proposta é boa para a sociedade. Estudantes e adultos vão pagar mais barato.
Por conta da cota de 40%, os preços devem cair entre 20% e 30%. Hoje, a meia
entrada é falsa. E 40% é uma cota mínima, todos os produtores que quiserem
podem aumentar — disse Odilon, acrescentando: — a grande vantagem do projeto é
estabelecer uma mesma lei para todo o país, uma carteira padronizada de
estudantes. Para o produtor cultural será o resgate do direito de se planejar,
se programar, colocando preços reais nos ingressos de espetáculos.
A atriz Beatriz
Segall afirmou que há 15 anos luta pela regulamentação da meia-entrada. Segundo
ela, o governo deveria arcar com os custos do benefício e não a classe
artística:
— A classe teatral
não é contra a meia-entrada, é contra o imposto de 50% que obriga a aumentar o
preço da entrada inteira. A classe teatral quer evitar o prejuízo, o Estado
deveria nos compensar pelo desconto. A obrigação é do Estado.
O presidente da
União Nacional dos Estudantes (UNE), Daniel Iliesco, destacou que a
meia-entrada é uma conquistas dos estudantes há mais de 70 anos, mas que há 12
anos enfrenta problemas de desregulação, com leis diferentes em cada local. E
que a proposta, em debate na CCJ, permitirá que o jovem tenha acesso à cultura
no nosso país.
De acordo com o
projeto, terão direito a meia entrada todos os estudantes regularmente
matriculados, o jovens entre 15 e 29 cuja família esteja inscrita no cadastro
único do governo federal cuja renda mensal seja de até dois salários mínimos;
pessoas com deficiência e seus acompanhantes, quando for necessário, e idosos
acima de 60 anos. A carteira de estudante terá um modelo único em todo o Brasil
e será certificada pelo Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI). O
projeto excetua eventos como a Copa de 2014, a Copa da Confederações e as
Olimpíadas de 2016.
ISABEL
BRAGA
o globo
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