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Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

sábado, 9 de março de 2013

POESIA: Poema : "Aos críticos" de Rogaciano leite

Poema : "Aos críticos" de Rogaciano leite 

Senhores críticos, basta/Deixai-me passar sem pejo/Que um trovador sertanejo/Vem seu pinho dedilhar/Eu sou da terra onde as almas/São todas de cantadores/Sou do Pajeú das Flores/Tenho razão de cantar/

Não sou um Manuel Bandeira/Drumond, nem Jorge de Lima/Não espereis obra prima/Deste matuto plebeu/Eles cantam suas praias/Palácios de porcelana/Eu canto a roça, a choupana/Canto o sertão, que ele é meu.

Vocês que estão no Palácio/Venham ouvir meu pobre pinho/Não tem o cheiro do vinho/Das uvas frescas do Lácio/Mas tem a cor de Inácio/Da serra da catingueira/Um cantador de primeira/Que nunca foi numa escola.

Pois meu verso é feito a foice/Do cassaco corta a cana/Sendo de cima pra baixo/Tanto corta como espana/Sendo de baixo pra cima/Voa do cabo e se dana.

O meu verso vem da lenha/Da lasca do marmeleiro/Que vem do centro da mata/Trazida pelo leenheiro/E quando chega na praça/É trocada por dinheiro.

O meu verso tem o cheiro/Da carne assada na brasa/Quando a carne é muito gorda/ Esquentando, a graxa vaza/É a graxa apagando o fogo/E o cheiro invadindo a casa.

Aqui é a minha oficina/Onde conserto e remendo/Quando o ferro é grande eu corto/ Quando é pequeno, eu emendo/Quando falta ferro, eu compro/Quando sobra ferro eu vendo.

Meu verso é feito a cigarra/Num velho tronco a sonhar/Que canta uma tarde inteira/ E só para quando estourar/Que eu troco tudo na vida/Pelo prazer de cantar.

Quem foi que disse/Professor de que matéria/Que o sertão só tem miséria/Que só é fome e penar/Que é a paisagem/Da caveira duma vaca/Enfiada numa estaca/ Fazendo a fome chorar.

Não pode nunca imaginar/O som que brota/Da cantiga de uma grota/Quando chuva cai por lá/O cheiro verde/Da folha do marmeleiro/E o amanhecer catingueiro/No bico no sabiá.

Tem mulungu do vermelho/Mas vivo e puro/E tem o verde mais seguro/ Que tinge os pés de juá/A barriguda mostrando/O branco singelo/E a força do amarelo/Na casca do umbu-cajá.

Criou-se o estigma/Do matuto pé de serra/Que tudo que fala erra/Porque não pôde estudar/Só fala versos matutos, obsoletos/Feitos por analfabetos/Que mal sabem se expressar.

Falam no sul com deboche/Que isso é cultura/De só comer rapadura/Como se fosse manjar/Saibam que aqui/tem abelha de capoeira/E o mel da flor catingueira/É mais doce que o mel de lá.

Temos poesia que exalta/O que é sentimento/E a força do pensamento/De quem sabe improvisar/Tem verso livre/Tem verso parnasiano/ E mesmo longe do oceano/Tem galope à beira-mar.

Zefa Tereza me ensinou/Que prum caboclo/Entrar na roda de côco/ Tem que saber rebolar/Soltar um verso naroda/Que se balança/ E no movimento da dança/Fazer o côco rodar!

Esse poema "Aos Críticos", escrito quando o poeta estava no Rio de Janeiro e publicado no livro "Carne e Alma". Há uma controvérsia em relação a sua terra natal. Particularmente não compartilho desta discussão. Se ele é pernambucano de Itapetim ou de São José do Egito, tanto faz. Mas a verdade é que ele nasceu em junho de 1920 no Sítio Cacimba Nova, nas Umburanas, hoje pertencente a Itapetim, mas quando ele nasceu pertencia a São José do Egito, então pela obviedade em seu registro ele é Egipciense. Morreu no dia 7 de outubro de 1969 no Rio, seu corpo foi levado ao Ceará, onde foi enterrado em Fortaleza cidade em que viveu. 
Texto:  O Nordeste.com


Assista  Ao Vídeo: Aos Críticos
Antônio Marinho Nascimento
Imagens: Thadeu Filmagens (Teixeira- PB)

Cantigas e Cantos

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