que o sonho humano alimenta
que não há ninguém que explique
e ninguém que não entenda..."
(Romanceiro da Inconfidência)
Filha de Carlos Alberto de Carvalho Meireles, funcionário do Banco do Brasil S.A., e de D. Matilde Benevides Meireles, professora municipal, Cecília Benevides de Carvalho Meireles nasceu em 7 de novembro de 1901, na Tijuca, Rio de Janeiro. Foi a única sobrevivente dos quatros filhos do casal. O pai faleceu três meses antes do seu nascimento, e sua mãe quando ainda não tinha três anos. Criou-a, a partir de então, sua avó D. Jacinta Garcia Benevides.
Marcha (Cecília Meireles)
Romperam por sobre os montes:
Nosso caminho se alarga
Sem campos verdes nem fontes.
Apenas o sol redondo
E alguma esmola de vento
Quebram as formas do sono
Com a ideia do movimento.
Entre nós dois anda o mundo,
Com alguns mortos pelo fundo.
As aves trazem mentiras
De países sem sofrimento.
Por mais que alargue as pupilas,
Mais minha dúvida aumento.
Senão ir andando à toa,
Como um número que se arma
E em seguida se esboroa,
- E cair no mesmo poço
De inércia e de esquecimento,
Onde o fim do tempo soma
Pedras, águas, pensamento.
Pelo sabor que lhe deste:
Mesmo quando é linda, amarga
Como qualquer fruto agreste.
Mesmo assim amarga, é tudo
que tenho, entre o sol e o vento:
meu vestido, minha música,
meu sonho e meu alimento.
fecho os olhos de saudade;
tenho visto muita coisa,
menos a felicidade.
Soltam-se os meus dedos ristes,
dos sonhos claros que invento.
Nem aquilo que imagino
já me dá contentamento.
oxalá seja bem cedo!
A esperança que falava
tem lábios brancos de medo.
O horizonte corta a vida
isento de tudo, isento…
Não há lágrima nem grito:
apenas consentimento.
Este poema de Cecilia Meireles teve *trecho adaptado pelo cantor Raimundo
Fágner e o resultado foi a belíssima canção “Canteiros”, que os brasileiros
conhecem.
Como sabemos,
a história toda começou em 1973, com Raimundo Fagner gravando no elepê de estreia
para a Philips a música Canteiros, até então creditada como sendo de sua autoria.
Com poucas unidades vendidas, o disco de início não logrou nenhum sucesso
comercial e foi tirado das prateleiras pouco tempo depois de lançado.
Leiam o poema, ouçam Fágner nesse vídeo
Cantigas e Cantos
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