Seguidores

Para Que Vim


Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

sábado, 9 de março de 2013

POESIA: Job Patriota, O Último dos Líricos

O Último dos Líricos
Em memória de: Das Neves, esposa de Jó
por Ésio Rafael

Job Patriota de Lima nasceu no Sítio Cacimbas, pertencente a então Vila de Umburanas, hoje Itapetim, Pajeú, no sertão pernambucano. Na época em que Jó nasceu, município de São José do Egito. Em Umburanas nasceram por coincidência, obra do acaso, destino ou predestinados, alguns nomes que imortalizaram e incandesceram toda região do Pajeú: Os irmãos Batista, Louro, Dimas e Otacílio, Rogaciano Leite, poeta- repentista de primeira, grande tribuno, jornalista, compositor, e dentre outras, boêmio. 

Jó Patriota nasceu no primeiro dia de janeiro do ano de 29, encantou-se, no dia 11 de outubro de 92, portanto, aos 63 anos de vida e muita poesia:

Eu nasci em Itapetim
Lugar onde o camponês
Nunca estudou matemática
Nunca aprendeu português
Mas sabe fazer um verso
Que Castro Alves não fez.

Jó, ao morrer, encerrou o ciclo dos chamados: “líricos” (poeta que cantava acompanhado da lira, instrumentos de cordas da Grécia Antiga). Antes dele haviam partido: Domingos Fonseca, do Piauí (Miguel Alves), que em referência à morte dos seus pais, ainda criança, disse de improviso:

Os meus eu não tenho mais
Vivo como um passarinho
Que os pais desapareceram
Deixando implume no ninho
O primeiro vôo da vida
Quando eu dei já foi sozinho.

Elísio Félix, “o canhotinho da Paraíba”:

Esta minha cabeleira
Que com os anos se maltrata
Foi preta como um veludo
Foi branca como cascata
Hoje é um lençol de neve
Numa montanha de prata.

E o próprio Jó:
Passei a crer na bondade
Nos amigos inda creio
Depois que vi dois mendigos
Reparti o pão no meio.

Sem dúvida, Jó era o mais querido dos cantadores. Irrequieto, espírito de criança, ria e chorava, concomitantemente. A sua primeira viagem como cantador, muito jovem, foi com o veterano poeta – José Vicente da Paraíba, vivo, graças a Deus, reside em Altinho, Agreste pernambucano. Com a permissão de Geminiano, pai do “menino”, sob a guarda de José Vicente, a dupla pegou a estrada. Nunca foi mercenário, e não cansava de dizer: “Se eu pudesse, pagava pra cantar”. Durante toda sua vida de cantador, enfrentou nomes famosos como: Pinto do Monteiro, Lourival Batista, Primo e concunhado, Manoel Xudu, Ivanildo Vila Nova e mais uma gama de valores poéticos de enorme poder da palavra.

Com um livro publicado: Na Senda do Lirismo, e reeditado recentemente, Jó aparece em muitos livros no Nordeste brasileiro.
O poeta, político e motista Raimundo Asfora, deu um mote a Jó Patriota, considerado acima do ritmo de percepção – “Frágeis, fragílimas danças / De leves flocos de espumas”:

Na madrugada esquisita
O pescador se aproveita
Vendo a praia como se enfeita
Vendo o mar como se agita
Hora calmo hora se irrita
Como panteras ou pumas
Depois se desfaz em brumas
Por sobre as duras quebranças
Frágeis, fragílimas danças
De leves flocos de espumas.

E por falar em mar, a quadra a seguir, dimensiona muito bem a capacidade poética deste homem incomum. É que somente um poeta da magnitude de Jó teria real condição de colocar o mar em tamanha insignificância, dentro do parâmetro místico do poeta:

O mar que no bojo guarda
Todos os mistérios seus
”Indé” um grão de mostarda
Perante os olhos de Deus.

Cantando com Lourival Batista, momento em que o poeta Marcus Accioly memorizou esta sextilha:

De fato Drummond de Andrade
Belo poema cantou
Um caminho numa pedra
Por onde a infância passou
E uma pedra no caminho
Que o destino colocou.

O poeta argentino de origem – Hector Pellizzi, naturalizado brasileiro, nordestino, segundo ele mesmo, escreveu em memória de Jó:

Nós não tínhamos
A intimidade de parentes
Nem de amigos noturnos
De fim de madrugada.

Nós éramos dois versos
Dividindo em duas pátrias:
O pajeú e o pampa,
E dentro
Da tristeza que me espanta
Pela chama da morte que arde,
Se faz sombra teu nome
Na cruz que ilumina a tarde.

Mote:
"As ondas são cabeleiras
de sereias defloradas"

Nas mais profundas geleiras
Onde há mares violentos
No pente oculto dos ventos
As ondas são cabeleiras
As brisas madrugadeiras
Quando perpassam geladas
Cujas ondas agitadas
Tornam-se mais pardacentas
Que até parecem placentas
De sereias defloradas
Assista ao Vídeo:

Cícero Bernardes e Jó Patriota cantando


Interpoética

3 comentários: