Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.
Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.
Texto: Gilberto Lopes
Criador do Blog.
domingo, 31 de março de 2013
POESIA: Dedé Monteiro, um baú de poesias
José Rufino da Costa Neto, Dedé Monteiro, nasceu no sitio Barro Branco
de Tabira/PE, no dia 13 de setembro de 1949. É filho de Antonio Rufino da Costa
e de Olivia Pires da Costa.
Começou a escrever versos aos 15 anos de idade, influenciado pelo pai
(que cantava cordéis, enquanto trabalhava na roça), pelos vencedores de folheto
de feira e pelo violeiros nordestinos.
Publicou três livros de poesia: Retratos do Pajeú, em 1984; Mais um baú
de retalhos, em 1995; e Fim de feira, em 2006.
Mestre da poética pajeuzeira, Dedé foi citado ou teve poemas seus
publicados em: Na senda do lirismo – de Jô Patriota (1984); Tabira e sua gente
– de Nevinha Pires (1995); Cantadores, prosas sertanejas e outras conversas –
de Zé Marcolino (1987); Dicionário bibliográfico de poetas pernambucanos, de
Lamartine Morais (1993); Tabira, histórias e estórias – de Nevinha Pires
(1998); poetas encantadores – de Zé de Cazuza (2001); Pinto Velho do Monteiro,
o maior repentista do século – de Ivo Mascena (2002); Lourival Batista Patriota
– de Ivo Mascena (2004); As curvas do meu caminho – de Manoel Filó (2004);
Pinto do Monteiro, um cantador sem parelha – de Joselito Nunes (2006); Amores
perfeitos na beira do mar, coletânea de galopes à beira-mar que organizei
(2007) e Palavras ao plenilúnio – de João Batista de Siqueira (Cancão) –
organização de Lindoaldo Vieira Campos Júnior (2007).
Atualmente, Dedé, professor aposentado, escreve poesias e é, conforme
diz, motorista de Teté (sua esposa), servente de pedreiro para o poeta Gonga
(seu irmão) e serve de ‘macaco’ para seus netos Paulo Henrique e Maria Paula.
É
nesse tempo, também,
Que faz seus primeiros versos,
Que estão por aí afora,
Extraviados, dispersos...
Versos simples e inocentes,
Que só mostrava aos parentes,
Gente de fora não via...
Mostrava aos de casa, sim,
Porque parente é assim:
Aplaude até porcaria. [...]
FIM DE FEIRA
O lixo atapeta o chão Um caminhão se balança Quem vem de fora se lança Em cima do caminhão Um ébrio esmurra o balcão No botequim da esquina O gari faz a faxina Um cego ensaca a sanfona E um vendedor dobra a lona Depois que a feira termina.
Miçanga, fruta, verdura, Milho feijão e farinha, Bode, suíno, galinha, Miudeza, rapadura. É esta a imagem pura De uma feira nordestina Que começa pequenina, Dez horas não cabe o povo. E só diminui de novo Depois que a feira termina
Na matriz que nunca fecha Muito apressado entra alguém Mas sai vexado também Se não o carro lhe deixa O padre gordo se queixa Do calor que lhe domina E agita tanto a batina Quem que vê fica com pena Toca o sino pra novena Depois que a feira termina.
A filhinha do mendigo Sentada a seus pés, num beco, Comendo um pão doce seco Diz: papai, coma comigo. E o velho pensa consigo Meu deus, mudai sua sina Pra que minha pequenina Não sofra o que eu sofro agora Ria a filha, o velho chora Depois que a feira termina.
Um pedinte se levanta Da beira de uma calçada Chupando uma manga espada Pra servir de almoço e janta Um boi de carro se espanta Se o motorista buzina Um velho fecha a cantina Um cachorro arrasta um osso E o pobre “assa vessa” o bolso Depois que a feira termina
Um camponês se engana Chega atrasado na feira Não compra mais macaxeira, Nem batata, nem banana Empurra a cara na cana Pra esquecer a ruína, Arroz, feijão, margarina, Açúcar, óleo, salada, Regressa e não leva nada Depois que a feira termina
No açougue da cidade Das cinco e meia em diante Não tem um pé de marchante Mas mosca tem com vontade Um faxineiro abre a grade Tira uma mangueira fina Rodo, pano, creolina, Deixa tudo uma beleza Mas só começa a limpeza Depois que a feira termina
E o dono da miudeza Já tendo fechado a mala Escuta o rapaz que fala Do outro lado da mesa: - Meu senhor, por gentileza, O senhor tem brilhantina? Ele diz com voz ferina: - Aqui na mala ainda tem Mas eu não vendo a ninguém Depois que a feira termina
Um jumento estropiado, Magro que só a desgraça, Quando vê que a feira passa Vai pra frente do mercado O endereço ao danado Eu não sei quem diabo ensina Eu só sei que baixa a crina Entre as cinco e as cinco e meia Lancha, almoço, janta e ceia Depois que a feira termina.
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