Thick as a brick, elogiado álbum conceitual do Jethro Tull, será tocado na íntegra, sábado, no Teatro Guararapes, por Ian Anderson e uma banda formada por David Goodier (baixo, Scott Hammond (bateria), Rya O’Donnell (vocais), John O’Hara (direção musical, teclados), Florian Opahle, Martin Barre (guitarra). O concerto é creditado a Ian Anderson, mas poderia ser ao Jethro Tull, já que ele é a banda. Thick as a brick, um clássico do rock progressivo, de 1972, foi gravado com Anderson e um Jethro Tull sem nenhum integrante da formação original -- que lançou o primeiro álbum em 1968.
O disco é o quinto do Jethro Tull, e chegou ao primeiro lugar no disputado paradão da Billboard, um feito inusitado, pelo repertório do álbum. Thick as a brick consiste em uma única música, de 45 minutos, ocupando ambos os lados do LP. Um amálgama de folk, rock, e jazz. A letra é um poema escrito por um poeta fictício, o garoto prodígio, de apenas oito anos, Gerald “Little Milton” Bostock, com melodia de Ian Anderson.
Até aí já seria um improvável candidato ao sucesso. Mas a letra só é melhor entendida quando se lê o jornal, de 12 páginas, que acompanhava a edição original álbum, uma paródia dos tabloides ingleses, textos herméticos ou bem-humorados, influenciados pelo Monty Python (o jornal não acompanhou a edição brasileira do álbum).
Em 1976, o Jethro Tull lançou mais um álbum conceitual, Too old to rock, too young to die (Velho demais para o rock, jovem demais para morrer): “Não foi, nem na época, nem agora, uma afirmação autobiográfica. É uma faixa do álbum sobre as mudanças cíclicas dos modismos na cultura, no pop e no rock. Bem previsível em 1974, devidos à interminável reciclagem das influências musicais dos anos 1960 e 1970 nesses dias”, explica Ian, no site da banda.
GERALD BOSTOCK
A turnê que celebra os 40 anos de Thick as a brick é especial. Além de ser a primeira vez que o repertório do disco é tocado na íntegra ao vivo, desde a época do lançamento, traz também a sequência do álbum, Thick as a brick II - whatever hapenned to Gerald Bostock?. O álbum foi lançado em abril do ano passado. É mais um disco conceitual, com cinco fases da vida do garoto, agora adulto: um banqueiro ambicioso, um homossexual sem teto, um soldado na guerra do Afeganistão, um pequeno comerciante, casado, sem filhos. O álbum tem 17 músicas.
Embora Jethro Tull ainda exista oficialmente (com parte dos músicos que toca no Guararapes sábado), a sequência de Thick as a brick é um disco solo de Ian Anderson. Em algumas entrevistas, no site, Anderson diz que não faria a turnê tocando os dois discos se não tivesse certeza da qualidade do segundo álbum. Tinha certeza também de que a sequência não faria sucesso, nem receberia tantos elogios da crítica quanto Thick as a brick em 1972. Mesmo assim, a Rolling Stone dedicou-lhe duas páginas elogiosas assinadas por Ben Gerson, que fechava assim o texto: “É ótimo saber que alguém no rock tem ambições além das convencionais faixas de quatro ou cinco minutos, e inteligência suficiente para levar adiante esta intricada intenção, com considerável talento”.
José Teles
JC
Nenhum comentário:
Postar um comentário