Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.
Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.
Texto: Gilberto Lopes
Criador do Blog.
terça-feira, 5 de março de 2013
MÚSICA / MEMÓRIA: Secos & Molhados, um fenômeno ainda não igualado
Caras, bocas e purpurina em plena ditadura
Em 1973, a indústria fonográfica brasileira vivia
um impasse. A censura pós-AI-5 tornou-se tão voraz que a grande maioria das
estrelas da MPB, grandes vendedores na década anterior, precisavam compor
o dobro de canções que cabiam num álbum, sabendo que a censura cortaria, pelo
menos a metade do que submetessem ao crivo dos censores. As gravadora partiram
para uma estratégia meio 171. Artistas brasileiros rebatizados com sonoros
nomes como Dave Mclean, Mark Davis, ou Michael Sullivan, cantando em inglês.
Foi em pleno apogeu dos falsos importados (como os
rotulou o crítico Tárik de Souza), que explodiu o maior fenômeno musical que o
país já testemunhou: o Secos & Molhados. Em uma matéria para o semanário
alternativo Opinião, a então crítica de música Ana Maia Bahiana registrava que
o grupo se destacava de congêneres do incipiente rock nacional que as
gravadoras começavam a contratar.”Ney Matogrosso (vocais, 32 anos), João
Ricardo, violões e harmônica, 24 anos, e Gerson Conrad, violões e vocal, 21
anos. Com 50 mil cópias vendidas de LP para a gravadora Continental, shows para
platéias de seis mil pessoas, tournées programadas e convites profusos dos
maiores empresários brasileiros”.
Logo o trio (mais uma banda de apoio) estaria
superlotando ginásios de esportes Brasil afora (como aconteceu no Recife, no
Ginásio de Esportes Geraldo Magalhães), provocando polêmicas com um clipe de O
vira no Fantástico. O rebolado de Ney Matogrosso, os rostos maquiados e
purpurinados de João e Gerson a ambigüidade de algumas canções (“vira, vira,
vira homem/vira, vira, lobisomem”), o país nunca tinha visto tamanha ousadia.
João Ricardo
Carneiro Teixeira Pinto, português, o João Ricardo, era filho de um poeta
respeita, Cassiano Ricardo. Ele teve a ideia de uma grupo com o nome de Secos
& Molhados ainda em 1970. O nome inspirado numa placa na de um
estabelecimento comercial em Ubatuba, São Paulo. No ano seguinte, o S&MS
aparece com sal primeira formação: Antonio “Pitoco” Carlos, e Fred. Uma
formação que dura pouco. Entrou no grupo seu vizinho, Gerson Conrad, e Nei
Matogrosso, um ator, que gostava de cantar.
Ney morava no Rio, e volta para São Paulo no final
de 1972, para integrar definitivamente o Secos & Molhados. Fazem uma
temporada na Casa de Badalação e Tédio em São Paulo, em dezembro de 1972. mas
continuou até o lançamento do disco uma história localizada nos circuito
udigrudi paulistanos, que não chegava nem ao Rio. Na época Naná Vasconcelos,
que já havia deixado o Brasil, e gravado o primeiro álbum, África Adeus, na
França, voltou ao país para divulgar o disco e tentar lançá-lo pela Phillips:
“Eu não sabia do Secos & Molhados. Conhecia Mutantes Equipe Mercado, A
Tribo, Som Imaginário, toquei com todos mas não queria ficar em nenhum!, conta
o percussionista que, certamente, só não tocou com o Secos & Molhados
porque quando o grupo estourou ele já estava de volta a Europa.
Rock, desde a fase ingênua e juvenil da Jovem
Guarda, nunca vendeu bem no Brasil. Nem Mutantes venderam. Assim é que a citada
Maria Bahiana parecia surpreendida pelos 50 mil disco vendidos inicialmente do
LP Secos & Molhados. Porém os números foram crescendo. Chegaram facilmente
aos 300 mil. Acredita-se que a um milhão (a aferição então era bastante
precária). Vale a pena ressaltar que o Krig-ha bandolo, o LP inaugural de Raul
Seixas vendeu a então estupenda marca de 300 mil cópias.
O álbum teve todas as faixas exaustivamente
executada no rádio. Empresários engalfinhavam-se para contratá-los. João
Ricardo, que assumiu a liderança da banda (tornou-se o dono da marca
Secos & Molhados), refutava qualquer parentesco estético com os
tropicalistas: “Eu estou mais preocupado comigo do que com Caetano”, ironizava
ele uma matéria em que ambos eram citados. Recusou ate a trabalhar com
Guilherme Araújo, o empresário dos baianos “Daí nosso desinteresse total em nos
juntarmos a Guilherme Araújo. Nosso trabalho não em nada a ver com o grupo de
Caetano, Gal, Gil”.
S&m MANIA
O LP Secos & Molhados foi gravado com uma banda
formada por Gripa (flauta), John (guitarra), Willy (baixo) e Marcelo (bateria).
A capa de Antonio Carlos Rodrigues e Décio Ambrósio também causou impacto
(ainda hoje é incluída nas listas de Melhores Capas de Todos os Tempos). E o
sucesso foi se aproximando como uma bola de neve. O lançamento oficial no
Teatro Aquarius, na Rui Barbosa, em São Paulo, foi dentro do que se esperava. A
temporada de 15 dias no Teatro Itália, também em São Paulo, já resvala para a
histeria de fãs. E foi num crescendo, culminando com um show no Maracanazinho,
que tinha tanta gente do lado de fora quanto dentro do ginásio. Foi o começo do
fim.
O Secos & Molhados chegaram a se apresentar no
México,. Na volta, a gravação do segundo, e derradeiro, disco de estúdio com
João, Ney e Gerson. Este último faz uma análise sucinta da razão da dissolução
do grupo: “- Incompatibilidade de gênios, o monstruoso sucesso... ganância...
imaturidade, enfim, a somatória de tudo isso”. Ney Matogrosso, o integrante de
maior visibilidade, confessou que foi difícil superar o fim do trio: “havia uma
expectativa massacrante em cima de mim de todos os três Secos & Molhados, é
verdade. E quem não correspondesse a essa expectativa dançava, como dançou”.
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