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Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

domingo, 31 de março de 2013

MÚSICA / MARACATU: O Capibaribe deságua no Delta do Mississippi

Foto:Divulgação

Em julho próximo, será lançado nos Estados Unidos o primeiro livro sobre maracatu, escrito por um músico e pesquisador americano, Scott Kettner, em parceria com o conterrâneo Aaron Shafer-Haiss e a pernambucana Michele Nascimento (mulher de Kettner). Maracatu for drumset and percussion, que será publicado pela Hall-Leonard, maior editora de livros sobre percussão do mundo, conta a história do maracatu, traz partituras para ser aplicadas à bateria, e procura o elo entre o ritmo nascido em Pernambuco, o Mardi Gras indians e o second line, ritmo de New Orleans, cujas origens tem muito em comum.
O início de tudo começou com um baterista chamado Billy Hart, que tocou com todo mundo nos Estados Unidos: da clássica dupla de soul Sam & Dave a Miles Davis (no disco On the corner, de 1972). Scott Kettner estudou bateria com Hart, que o influenciou. "Cheguei para Hart e disse que estava cansado de samba e bossa nova. Queria saber se no Brasil não havia outro ritmo. Ele me disse que havia um ritmo novo (sic) do Nordeste chamado maracatu, mas que não sabia tocar. Procurei alguns bateristas brasileiros conhecidos, mas eles também não sabiam. Ficou aquele mistério, então resolvi vir ao Recife", conta Scott Kettner, que esteve esta semana na cidade, tentando convencer autoridades da cultura oficial pernambucana a liberar parte dos custos da ida de doze integrantes do Maracatu Estrela Brilhante para uma turnê americana, com sua banda, a Nation Beat, do Brooklin, Nova Iorque.
O pesquisador norte-americano Scott Kettner conheceu no Recife músicos como o percussionista Jorge Martins (ex-Cascabulho), que fez a ponte entre ele e os mestres dos maracatus Estrela Brilhante, Nação Porto Rico e Cambinda Estrela. Ele pesquisou a trinca de maracatus, realizou uma bateria de entrevistas com os mestres e rainhas: "Fui a todas as fontes disponíveis, vídeos, discos. Entrei em contato com Katarina Real. Conversei muito com ela por telefone. Ela me mandou materialsobre maracatu", conta Kettner, ressaltando o papel da antropóloga americana Katarina Real(1927/2006). Autora de livros importantes como O folclore no Carnaval do Recife (1967) e Eudes, o rei do maracatu (2001), Katarina Real morou no Recife até meados dos anos 60 e chegou a ser secretária geral da Comissão Pernambucana de Folclore. A pesquisadora ganhou a confiança dos mestres e rainhas de maracatu a ponto de se tornar guardiã, por 13 anos, de Joventina, calunga do maracatu Estrela Brilhante do Recife.



"Comecei a pesquisa em 1999, mas teve uma coisa que, posso garantir, mudou a minha vida: a abertura do Carnaval com Naná Vasconcelos e os diversos maracatus. Imagino como foi difícil juntar aqueles músicos de nações diferentes, cada qual com seu sotaque no toque", comenta o músico e musicólogo americano. Ressaltando que os idiomas rítmicos refletem a distinção de etnias nas origens das nações. Ao contrário, certamente, do que supõem batuqueiros de final de semana, o toque do maracatu muda de acordo com a nação. "No livro comento essas contradições. Fica difícil para as nações preservarem a tradição no mundo contemporâneo. Estão absorvendo muitas influências de fora. Alguns ainda procuram mantê-las-las intactas, como o Estrela Brilhante de Igarassu e o Leão Coroado, que não permitem mulher tocar alfaia", aponta Scott Kettner. Em Maracatu for drumset and percussion, Kettner vai além de procurar esclarecer para o mercado americano o que é e como se toca este gênero. Incluiu um capítulo sobre o manguebeat, enfatizando a atuação de Chico Science & Nação Zumbi, que contribuiu para disseminação de alfaias mundo afora Explora também as semelhanças entre o maracatu, o coco e os ritmos do Carnaval de Nova Orleans.

CABOCLOS E ÍNDIOS

No século 18, os escravos fugitivos abrigavam-se nos pântanos da Luisiana, onde eram acolhidos pelas tribos indígenas que viviam ali. Este convívio acabou em miscigenação, inclusive racial e cultural. No Mardi Gras, o Carnaval de Nova Orleans, as figuras coloridas dos grupos indígenas são um dos destaques da festa. Scott Kettner dedicou um capítulo à confluência dos rios Capibaribe e Mississippi, que banham, respectivamente, o Recife e Nova Orléans: From the Mississippi to the Capibaribe. "As semelhanças no ritmo são muito grandes, como também nos trajes. Tanto o maracatu quanto os índios do Mardi Gras usam a sombrinha. Aqui, os maracatus podiam tocar nos pátios das igrejas, em Nova Orleans haviam as chamadas Congo Squares, as Praça do Congo, o único lugar em que se permitiam que os negros tocassem o batuque deles", explica Scott Kettner.

José Teles

JC

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