quarta-feira, 29 de abril de 2020

Poesia: "Cantoria", um soneto de Aleixo Filho




CANTORIA

Um velho alcoviteiro fumacento,
Uma casa de taipa em chão batido,
O povo vai chegando, e, retraído,
Em banco e em tamborete toma assento.

Dois rapazes preparam o afinamento
Das violas em brando retinido,
Quando, enfim, se combinam no sentido,
Começam elogiando o aposento.

À noite vem crescendo na poesia,
Os troveiros gemendo na porfia,
Aguçam o sentimento dessa gente

Clareia o céu. Decantam a madrugada,
Na dolência, sem par, de uma toada,
Que traz mais vibração para o repente.

Aleixo Leite de Albuquerque Filho


Por Rogério Ribeiro – Via Facebook



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