sexta-feira, 21 de abril de 2017

Poesia: "Ninho Roubado", um soneto de João Batista de Siqueira (Cancão)


Ninho Roubado

Aquela rolinha do meu sombrião
Sem o seu ninho seu primeiro leito
Já chorou tanto que feriu o peito
Sem saber dos filhos, do lugar que estão.

Percorre às vezes toda a vastidão
Volta de novo a reparar direito
De galho em galho a espreitar com jeito
Procura ainda, mas procura em vão.

Assim a pobre e infeliz rolinha
Levando as horas a gemer sozinha
Eriça as penas, depois as sacode.

Ela não chora porque não tem pranto
Se tivesse pranto choraria tanto
Mas sem ter pranto quer chorar não pode.


João Batista de Siqueira “Cancão”
CANTIGAS E CANTOS

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