terça-feira, 22 de novembro de 2016

Poesia: "Ao meu crânio", um soneto de Flávio Petrônio


AO MEU CRÂNIO  

Quando nada mais restar da estrutura
Que hoje eu digo que vivo e que sou,
Serei matéria que se consagrou
Sem epitáfio na sua sepultura.

Restará do meu corpo uma brancura
Resquício do ossuário que se formou,
Igual bandeira que pela paz fincou
Ausência de conquistas e bravura.

Serei mais um crânio irreconhecível,
Onde a candura não se faz possível,
Pelas analogias dos seus iguais.

Serei algo pra dizer sem falar
Que todo o vigor que me fez sonhar
Acordou no destino dos mortais.

Soneto: Flávio Petrônio
Durante visitação na Capela dos Ossos.
Évora – Portugal, 12 Jul. 2016.
Foto de perfil de Flávio Petrônio

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