"OS URUBUS FAZEM FESTA
NA CARNIÇA DO MEU CÃO”
Lembro ainda todo dia
O meu querido animal
Era o cão do meu quintal
Que tanto bem me queria
Toda hora que me via
Me mostrava gratidão
Hoje seus restos estão
Rolando pela floresta
Os urubus fazem festa
Na carniça do meu cão
Ele perto de morrer
Seu olhar me dirigia
Quem sabe talvez pedia
Remédio a seu padecer
Mas sem ninguém entender
Morreu sem ter remissão
Lá no triste grotilhão
Até a brisa o molesta
Os urubus fazem festa
Na carniça do meu cão
Depois que meu cão morreu
O meu lar ficou tristonho
Lhe vejo sempre em sonho
Aumenta o desgosto meu
Só resta um pedaço seu
Exposto na solidão
Abandonado no chão
Da gruta triste e funesta
Os urubus fazem festa
Na carniça do meu cão
Só resta de meu cãozinho
Pedaços lá pelo mato
Rolando pelo regato
Cheios de terra e espinho
Os trapos do meu bichinho
Quem os vê tem compaixão
E quando o sol do verão
De manhã se manifesta
Os urubus fazem festa
Na carniça do meu cão
Do lado do oriente
Bandos de aves famintas
Pretas, pretinhas, retintas
Baixas pressurosamente
Uma parece que sente
Os olhos dele onde estão
Cada qual tira um quinhão
Dum fragmento que resta
Os urubus fazem festa
Na carniça do meu cão
João Batista de Siqueira “Cancão”

Poema extraído do livro: “Palavras ao plenilúnio”, de Lindoaldo Jr.
Passando para fazer uma pesquisa e descobri o blog com poemas e textos tão interessantes.
ResponderExcluirAbraço do Pedra do Sertão
www..pedradosertao.blogspot.com