domingo, 4 de setembro de 2016

Poesia: Quatro décimas do genial Diniz Vitorino


Vemos a lua, princesa sideral
Nos deixar encantados e perplexos
Inundando os céus brancos de reflexos
Como um disco dourado de cristal
Face cálida, altiva, lirial
Inspirando canções tenras de amor
Jovem virgem de corpo sedutor
Bem vestida num “robe” embranquecido
De mãos postas num templo colorido
Escutando os sermões do Criador.

Olho os mares, os vejo revoltados
Quando o vento fugaz transtorna as brumas
E as ondas raivosas lançam espumas
Construindo castelos encantados
As sereias se ausentam dos pecados
Que nodoam as almas dos humanos
E tiram notas das cordas dos pianos
Que o bom Deus ocultou nos verdes mares
E gorjeiam gravando seus cantares
Na paisagem abismal dos oceanos.

E as abelhas pequenas, sempre mansas
Com as asas peludas e ronceiras
Vão em busca das pétalas das roseiras
Que se deitam no colo das ervanças
Com ferrões aguçados como lanças
Pelo cálix das flores bebem essência
E fazem mel que os mestres da Ciência
Com os séculos de estudo não fabricam
Porque livros da Terra não publicam
Os segredos reais da Providência.

Quase atônito ensino pra meus filhos
Que os retumbantes trovões me emocionam
São fuzis carregados que detonam
Sem cartuchos, culatras, nem gatilhos
E o relâmpago aceso empresta brilhos
Aos céus negros nas noites tenebrosas
Os coriscos são tochas luminosas
Caindo, pois, das nuvens carregadas
Se sepultam nas fendas apertadas
Nas entranhas das grutas pedregosas.

Diniz Vitorino


Jornal Besta Fubana

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