terça-feira, 20 de setembro de 2016

Poesia: "Coisas do sertão!", um poema de Gregório Filó



COISAS DO SERTÃO

Uma sanfona afinada
Na mão dum bom tocador
Nos bailes do interior
Acende a rapaziada
Onde a matuta enfeitada
Esbanjando sedução
Desperta tanta paixão
Que até velho se balança
Nada fica na lembrança
Como as coisas do sertão.

Uma festa de natal
Um reisado, uma novena
E uma bonita morena
Junto às plantas do quintal
Com seu jeito natural
Cheirando a manjericão
Um carinho em cada mão
E uma rosa em cada trança
Nada fica na lembrança
Como as coisas do sertão.

Daqui pra semana santa
Vou rever o Moxotó
Pra ver se desmancho o nó
Que travou minha garganta
A mina saudade é tanta
Que virou obsessão
Ou alcanço aquele chão
Ou a loucura me alcança
Nada fica na lembrança
Como as coisas do sertão.

Gregório Filó

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