Fotos de Paulo Carvalho |
Cantadores de várias gerações e regiões do Nordeste iam chegando com suas violas à tira colo, caminhando perfilados, até a home do genial poeta. Parecia mesmo uma procissão onde cada poeta conduzia o seu próprio andor em um dos lados das costas.
Nomes famosos se aglomeravam na rua, na calçada, no terraço, no corredor e na cozinha do "Rei dos Trocadilhos", apoiados por dona Helena Marinho, mãe de todos e guardiã da cidade.
Familiares, amigos, admiradores e poetas, ao som das violas, das glosas e das prosas teciam o dia que parecia terminar num piscar de olhos, com tantas coisas para se admirar. Sobre a mesa, o café da manhã era rotativo, e pra quem fosse chegando. O cantador, "poeta/vaqueiro", Pedro Amorim, de extenso bigode e camisa quadriculada, chegava, de Itapetim, com meio saco de galinha de capoeira ("legítima" como diria dona Mercês, mãe de Zeto) retirava do ombro e fazia a devida entrega para "Mãe Nena".
Na sala/terraço, as duplas de violeiros se revesavam ininterruptamente, para os "baiões de viola". Urbano Lima, apologista, escritor e empresário do mundo das construções, era figura carimbada nos aniversários do Louro. O Professor Paulo Marques, da URFPE, que o Pedro Amorim o batizou de - Padre eterno, em consequência de sua longa barba, também participava da festa anual. Estudantes secundaristas e universitários, também faziam parte. Joselito Nunes, poeta, escritor, também conferia presença, além de divulgar os poetas, ao publicar vários livros dos cantadores, por ser ele, diretor da Imprensa Universitária da URFPE. Enfim, toda a cidade se mobilizava para os festejos de aniversário do mestre.
Hoje, filhos e netos celebram o aniversário do poeta com o apoio principal do - INSTITUTO LOURIVAL BATISTA, localizado na cidade de São José do Egito.
No mais, vamos encerrar essa história de hoje, com dois versos, sendo um do Louro e outro do Zeto. A começar por Lourival, numa- Roda de Glosa, no clube Democrático em Arcoverde, durante o Festival de Violeiro, onde só tinha "fera", dentre elas, Patativa do Assaré, nos anos 80, em cima do mote dado por Diniz Vitorino - COVEIRO SEM ESPERANÇA/NÃO SEPULTE O MEU PASSADO:
DA MORTE ÉS UM BENEMÉRITO
SETENTA ANOS DE PRETÉRITO
E QUASE NADA DE FUTURO
EU VIVO PAGANDO JURO
E UM TANTO IMPRESSIONADO
HOJE ABATIDO E CANSADO
DEIXE O VELHO SER CRIANÇA
COVEIRO SEM ESPERANÇA
NÃO SEPULTE O MEU PASSADO.
DE IR PRA IGREJA DE DEUS
OS TEUS OLHOS JUNTOS AOS MEUS
ETERNIZARAM OS INSTANTES
FOMOS LIVRES E ERRANTES
QUE LOUCURAS COLOSSAIS
JUNTAMOS OS IDEAIS
PRA NO FIM DAR TUDO ERRADO
ESTÁ TUDO CONSUMADO
NÃO NOS PERTENCEMOS MAIS.
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