DIVISÕES DA VIDA
Desponta o sol da infância
No horizonte da vida
Como medindo a distância
Dessa jornada comprida
30 anos é meio dia
40 é tarde sombria
50 é sol no poente
70 é quando anoitece
80 desaparece
A esperança da gente
10 anos tempo de flor
Aos 20 deixa ilusão
Aos 30 aparece dor
40 é recordação
50 é triste lembrança
60 morre esperança
70 é cume das frágoas
80 já é o cúmulo
90 a boca do túmulo
recebe o resto das mágoas
Tempo bom é adolescência
Juventude é céu de flor
Transpira odor da essência
Pelas pétalas do amor
Depois a virilidade
Chega plantando saudade
Afugentando a virtude
E a onda dos desenganos
Empurra a barca dos anos
No cais da decrepitude
É muito escuro o porvir
Depois dos 50 anos
Começa o homem a sentir
O peso dos desenganos
Uns não alcaçam 60
Outros passam de 70
80 o mastro bambeia
90 o barco desanda
E a morte fica de banda
Morando parede e meia
Embalado o tempo corre
Tudo que é bom se liquida
Cada uma tarde que morre
Encurta um dia de vida
Cada data é uma história
Que fica em nossa memória
Que a vida é como um jornal
Tudo que passa anuncia
Cada uma página é um dia
A morte um ponto final
A vida é como uma rosa
Que as pétalas contém aroma
Enquanto nova é cheirosa
Ficando velha ela broma
No 30 com um sereno
Pelo frescor do terreno
A roseira se eleva
Depois que falta o orvalho
Murcha a rama, seca o galho,
Cai a flor, o vento leva
Para me certificar
Que a vida não vale nada
Eu resolvi visitar
A nossa ultima morada
Como quem se desanima
Chorei de joelhos em cima
Do tumulo dos meus avós
Onde uma lousa funénera
Vive cobrindo a matéria
Que tantos foi como nós
Enoque Ferreira
Extraído do CD SERTÃO DIVERSO de Felisardo Moura
Blog do Belmontense Poeta
Cícero Moraes
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