Eu quis ir mais não coube no caixão
Que a dor da partida de um ente
Só conhece essa dor quem passa e sente
A facada da morte impiedosa
A notícia ao chegar é desastrosa
Quem recebe a notícia vai ao chão
Fica em choque e já sente que a pressão
Já não deixa o seu corpo equilibrado
Quando vi o meu pai sendo enterrado
Eu quis ir mais não coube no caixão
A notícia já deu-se logo cedo
Eu confesso na hora tive medo
E no pânico eu me desesperei
Agarrei-me aos meus filhos e chorei
Fiquei pálido e tremia cada mão
De joelhos rezei uma oração
E entreguei a Deus pai, meu pai finado
Quando vi o meu pai sendo enterrado
Eu quis ir mais não coube no caixão
Sobre o corpo que assim é de costume
No velório senti outro perfume
Das coroas de rosas perfumadas
Suas unhas sem vida, arroxeadas
Pude ver segurando em cada mão
Pus a mão para ouvir seu coração
Mas alguém me falou está parado
Quando vi o meu pai sendo enterrado
Eu quis ir mais não coube no caixão
Lembro a lágrima pingando de uma vela
Lembro a vela fazendo sentinela
Clareando o seu corpo ali presente
A feição quando gela é diferente
Do calor que antes tinha na feição
Seu nariz não faz mais inspiração
Se entrou ar no seu corpo está trancado
Quando eu vi o meu pai sendo enterrado
Eu quis ir mais não coube no caixão
Se o senhor no silêncio está me ouvindo
Diga filho o papai está dormindo
Mas assim que acordar fala contigo
O senhor é meu verdadeiro amigo
E no mundo outro João não acho não
Não me deixes no mar da ilusão
Que eu não nado e assim morro afogado
Quando vi o meu pai sendo enterrado
Eu quis ir mais não coube no caixão
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