Pra não ver tanta morte no Sertão".
Nem que seja uma gota de neblina.
Pra salvar a pobreza nordestina
Dos estragos do ano sem inverno
Sem chuva a paisagem muda o terno.
Não se vê um capucho de algodão
Nem tão pouco a cantiga do carão
Saudando nossa gente toda hora
"Eu espero que a seca "vá" embora
Pra não ver tanta morte no Sertão".
No quadro mais penoso da miséria.
Nos jornais toda hora uma matéria
Pra falar dos juros e dos aumentos
Todo instante sobem os alimentos.
Se encontra nas estradas da região
Andarilhos deixando seu torrão
Perambulando pelo mundo afora
"Eu espero que a seca "vá" embora
Pra não ver tanta morte no Sertão".
Só restou dos arbustos os espinhos.
Vejo nos aceiros dos caminhos
A nudez do Sertão em amargura
Pintada com o pincel da bravura.
O sertanejo rezando sua oração
Andando tantas léguas em procissão
Na espera de um milagre nessa hora
"Eu espero que a seca "vá" embora
Pra não ver tanta morte no Sertão".
Vejo as carcaças em todo recanto.
A cigarra assusta com seu canto
Nos grotões a tristeza é medonha
O cenário diferente envergonha.
Mostrando sua bravura de cristão
O vaqueiro faz da dor sua canção
Entoando sua cantiga ele chora
"Eu espero que a seca "vá" embora
Pra não ver tanta morte no Sertão".
Mote : Damião De Andrade Lima
Fonte: Facebook do Autor
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