
Os meus dias foram noites nevoentas
Encharcados no charco da ilusão
Muitas noites de vigílias, solidão
Entre letras, papéis, dores cruentas
Véus funestos de nuvens pardacentas
Atalaias do prazer, a ocultar
Vendo a vida a tudo sepultar
Os meus restos de poeta acuado
‘O meu choro tornou-se tão calado
Que o silencio parou para escutar’
O silencio é a pausa é o conforto
Muitas vezes de uma peça musical
Pela porta do silencio sepulcral
Minha nau encontrou alento e porto
Não me tenha tão somente por um morto
Pois lhe tenho um amigo a tributar
Os poemas que pudemos desfrutar
Pra esquecermos o pranto abafado
‘O meu choro tornou-se tão calado
Que o silencio parou pra escutar’
Já não posso ouvir meu julgamento
Nem tão pouco ajuntar pedras jogadas
Foram tantas minhas noites mal passadas
Quem velou minha dor meu sofrimento?
Quem foi lá pra saber do meu tormento?
Quantos foram que quiseram perscrutar?
Nunca quis meus pecados ocultar
Quem pra sempre tem seu erro ocultado?
‘ O meu choro tornou-se tão calado
Que o silencio parou pra escutar’
Aluisio Lopes, S. J. do Egito, 12-12-2013

Nenhum comentário:
Postar um comentário