SEIS HORAS
A tarde morre e no azul infindo
O véu da noite sob o céu desliza
A relva sente ao perpassar da brisa
Brilhantes finos pelo chão caindo
O nevoeiro mansamente indo
Recebe o brilho que lhe cristaliza
E a luz serena pela rocha lisa
Desaparece com um drama lindo
No ocidente, vermelhão dourado
Vulcão celeste que, já encantado
Vai mergulhando muito além da serra
Farol sanguíneo que através do mar
Volta ainda o luminoso olhar
Para as tristezas que deixou na Terra.
SEPARAÇÃO
Minhas horas sem ti passam vagas
Minhas noites, cheias de lembranças
De pesadelos, visões, desconfianças
Aqui, longe do céu das tuas plagas
Sem saber o dia em que me afagas
Com sorrisos, promessas, esperanças
Sinto o peito cravado por mil lanças
Minha alma coberta por mil chagas
Todos dias eu passo muitas horas
Olhando o mundo feliz em que tu moras
Enxugando os ardentes prantos meus
Pelo vento que passa em um pomar
A ti envio uma queixa e um pesar
Um suspiro, um soluço e um adeus.
João Batista de Siqueira (Cancão)
Sonetos retirados do livro: Palavras ao plenilúnio
de Lindoaldo Jr.
CANTIGAS E CANTOS
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