sexta-feira, 19 de julho de 2013

Poesia: Guerra Santa do Repente, por Nenen Patriota


Teixeira, Itapetim e São José do Egito sempre entraram em conflitos sobre a questão dos cantadores. Os três municípios têm, praticamente, origens similares e são considerados por estudiosos como o "Triângulo da Poesia". Diante deste acirramento que não leva a nada compus o seguinte poema.

GUERRA SANTA DO REPENTE

Da origem do repente
Existem vários tutores
Os provençais, a península
Dizem que são criadores
Mas para ser mais preciso
Os árabes, do improviso
São os grandes precursores

A arte dos cantadores
Pelo mundo se espalhou
E ao chegar ao nordeste
Bem melhor se adaptou
Ao sertão quis visitar
E depois de aqui chegar
Ela nunca mais voltou

Em Santa Cruz, aportou
Para a honra potiguar
Em Tabira, em São José
Em Monteiro e no Pilar
Mas Teixeira certamente
Foi a primeira vertente
Do repente popular

Itapetim quis bradar
São José se fez presente
Nesta luta quase igual
Cada qual, mãe diferente
ITAPETIM foi a CHAMA
SÃO JOSÉ ganhou a FAMA
E TEIXEIRA foi NASCENTE

Na região do repente
O conflito se formou
Três mães querendo a tutela
Do filho que se criou
O tempo, veloz passando
E o filho foi se criando
Sem saber quem o gerou


São José logo se achou
Berço-mãe da tradição
Por dizer que no passado
Era tudo um mesmo chão
Mas outras terras revoltas
Indagam se as Pedras Soltas
Não são mães da criação

Por forte aglutinação
São José diz que venceu
Teixeira fala em nascente
Onde a semente se deu
Mas afirma Itapetim
Ser a planta do jardim
Onde o verso floresceu

Nas Pedras Soltas se deu
O talento pra conquista
Por ser o berço de Jó
E dos três irmãos Batista:
Dimas, sempre genial
Mais completo, Lourival
E Otacílio, o artista

Teixeira tem sempre em vista
Zé Limeira, com ternura
Um poeta genial
Com lucidez e loucura
Igual jamais haverá
O mulato de Tauá
“Absurdo” de cultura

Nesta guerra de bravura
Não há canhão ou pistola
Na guerrilha do repente
O Pinho fez a escola
Com exceção de um guerreiro
Pois Inácio quis pandeiro
Para enfrentar a viola

São José nunca se enrola
Pra defender a razão
Lembra o gênio da inocência
O “paisagista” Cancão
E relembra Zé Morais
“Extravagância” demais
De tanta imaginação

Teixeira quer solução
Para a raiz do problema
Por ser a fonte primeira
Onde Inácio foi emblema
E achando ser “mãe d’água”
Sobe a serra e mostra a água
Que desce da BORBOREMA

Para aumentar o dilema
Itapetim volta à guerra
Mostrando a fonte do rio
Onde o Pajeú descerra
E na força do argumento
Prova riqueza e talento
Dos filhos de sua terra

Neste triângulo de guerra
Cada qual defende um plano
São José fala em Marinho
Teixeira fala em Romano
Já Itapetim com calma
Defende de “carne e alma”
O gênio Rogaciano

Teixeira lembra em seu plano
Agostinho e Ugolino
Itapetim fala em Zé
Adalberto, genuíno
São José na mesma linha
Relembra Rafaelzinha
E os irmãos Bernardino

Teixeira lembra o “divino”
Zé Obrigo, um anjo humano
Itapetim tem Donzílio
Um poeta sem engano
São José lembra Lulu
Um gênio do Pajeú
Que foi um grande decano

O repente soberano
Não faz parte do conflito
Pois importante pra ele
É verso bom e bonito
Seja de qualquer ribeira
ITAPETIM ou TEIXEIRA
Ou SÃO JOSÉ DO EGITO

Nenem Patriota
Nenem Patriota Chárliton

Fonte: Facebook / Pajeú da  Gente

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