sábado, 20 de julho de 2013

Poesia: Oração pela chuva, um poema de Virgílio Siqueira


Foto: Oração pela chuva

Quando me encontrares
Pensativo, à sombra de uma árvore
No meio do sertão
Não penses que eu possa estar triste
Não há tristeza em nada
Na terra de onde o cheiro de vida voa
Pela umidade do clima

Quando me encontrares
Pensativo, à sombra de uma árvore
No meio do sertão
Estarei louvando aos Deuses da chuva
Pela dádiva alastrada
Entregue ao cheiro da vida que voa
Pelo reverdecer da rama

Lembro-me das vezes
Em que passei por ali, e era tudo cinza
E doía a rendição nos olhos dos vivos
E havia ossos entulhados pelo chão
E espectros divagantes, dizimados
Pelos ariscos ares do abandono
Em transe de torturadas faces

Nalguns
Até mesmo a própria brutalidade humilhada
Retorcida e indefinida pela aridez das horas

Noutros
A palidez explícita a desfigurar-lhes a honra
Impositiva degeneração pelo tempo perdido

Quando me encontrares
Pensativo, à sombra de uma árvore
No meio do sertão
Não penses que eu possa estar triste
Estarei louvando aos Deuses da chuva
Pelo brilho nos olhos dos bichos
E pela candura na face dos homens

Virgílio Siqueira


Oração pela chuva

Quando me encontrares
Pensativo, à sombra de uma árvore
No meio do sertão
Não penses que eu possa estar triste
Não há tristeza em nada
Na terra de onde o cheiro de vida voa
Pela umidade do clima

Quando me encontrares
Pensativo, à sombra de uma árvore
No meio do sertão
Estarei louvando aos Deuses da chuva
Pela dádiva alastrada
Entregue ao cheiro da vida que voa
Pelo reverdecer da rama

Lembro-me das vezes
Em que passei por ali, e era tudo cinza
E doía a rendição nos olhos dos vivos
E havia ossos entulhados pelo chão
E espectros divagantes, dizimados
Pelos ariscos ares do abandono
Em transe de torturadas faces

Nalguns
Até mesmo a própria brutalidade humilhada
Retorcida e indefinida pela aridez das horas

Noutros
A palidez explícita a desfigurar-lhes a honra
Impositiva degeneração pelo tempo perdido

Quando me encontrares
Pensativo, à sombra de uma árvore
No meio do sertão
Não penses que eu possa estar triste
Estarei louvando aos Deuses da chuva
Pelo brilho nos olhos dos bichos
E pela candura na face dos homens


Virgílio Siqueira
Virgilio Siqueira

Fonte: Facebook (Virgílio Siqueira)

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