No
show ‘Tudo se transformou’, que traz ao Rio, cantora celebra ‘a grandeza que é
ficar de pé’
RIO - Foram várias cirurgias na boca,
depois na coluna cervical. Uma infecção séria, dez meses sem andar. No meio de
tudo, a perda do pai e de um irmão. Entre 2009 e 2011, a cantora Zizi Possi
passou por poucas e boas (“Quase fui para o andar de cima!”, conta). Agora,
recuperada da tempestade física e emocional, ela celebra: “A gente não sabe a
grandeza que é ficar de pé!”. E celebra onde mais gosta de estar: no palco.
Depois de passar por algumas capitais brasileiras, Zizi chega ao Rio neste
domingo, no Teatro Bradesco, com seu novo show, “Tudo se transformou”, que sai
em CD e DVD, em julho, pela gravadora Eldorado.
— Não são as músicas que estão
diferentes. Sou eu que estou diferente! — avisa a cantora, que vem à cidade
acompanhada por uma formação enxuta, composta por um fiel colaborador, o
pianista Jether Garotti Jr., o violonista Rogério Delayon e o percussionista
Guello.
A música que deu título ao show é um
samba de Paulinho da Viola que ela carregou de “Cantos e contos”, show feito ao
longo de 2008 para marcar os 30 anos de carreira. Eram repertórios diferentes e
muitos convidados, numa temporada que foi registrada em dois DVDs.
— Havia uma quantidade enorme de
músicas, foi um exercício muito bacana de concentração e de improviso —
recorda-se Zizi, que, depois de passar pelo turbilhão, diz ter conquistado
maturidade como cantora e mulher. — Hoje, tenho um novo olhar sobre tudo, o
cotidiano, a música... Comecei a ver algumas canções de forma muito diferente.
Canção da filha
Uma dessas músicas, que por sinal
está no show, é “Meu mundo e nada mais”, que gravou para o álbum-tributo “A voz
da mulher na obra de Guilherme Arantes”, a convite de Marina Lima.
— Ela disse que a música era a minha
cara. Fico eternamente grata à Marina por isso — conta Zizi. — A poesia dessa
música é bem intensa.
Outras novidades embalam o repertório
de “Tudo se transformou”. Há uma parceria de Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown
(“Sem você”), uma canção de uma nova compositora, a gaúcha Necka Ayala (“No
vento”) e “Cacos de amor”, feita pela filha, a cantora Luiza Possi, com Dudu
Falcão.
— Estava doente quando ela me mostrou
a música. Fiquei tão feliz de ver minha filha numa parceria tão bacana que a
primeira coisa que fiz quando melhorei, ainda com cateter debaixo do braço, foi
gravar o “Cacos” no DVD dela — conta.
De resto, Zizi canta números
conhecidos de seus fãs, como “Com que roupa?” (Noel Rosa) e “Filho de Santa
Maria” (Itamar Assumpção e Paulo Leminski), sucessos como “Noite” e “A paz”,
além de “Chico e Edu pra caramba, Gonzaguinha, e por aí vai”. E comenta
entrevista recente em que expressou seu descontentamento com a falta de poesia
na produção atual da MPB.
— Ainda tenho a mesma opinião. As
pessoas estão dando tudo de si, mas falta muito chão até chegar à coerência, à
beleza de um Chico, um Caetano, um Gil ou um Gonzaguinha — diz ela, que já
planeja um novo disco, com “novas sonoridades”.
SILVIO ESSINGER
O GLOBO
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