O REGRESSO DA MORTA
Depois
de um ano ela voltou; Cavados
Trazia
os olhos numa funda prece,
Como
se neles pernoitado houvesse
Uma
vil caravana de pecados...
Tinha
os cabelos ainda oxigenados
E
as feições de boneca de quermesse;
Os
lírios puros que a inocência aquece
Vinham-lhe
n’alma – rotos e manchados!
Pediu
que a recebesse novamente,
Pois
trazia – na dor que as almas corta –
O
corpo exausto e o coração descrente...
Beijei-lhe
os dedos e lhe abri a porta;
Mas
antes de cruzar o meu batente
Desmaiou
nos meus braços... vinha morta.
Rogaciano
Leite
Fortaleza,
dezembro de 1948
Cantigas e Cantos
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