domingo, 26 de maio de 2013

Poesia: Paulo Cardoso Dias, poeta e escritor literário



Paulo Cardoso Dias nasceu em 23 de março de 1939, em São José do Egito –PE. Faleceu em 2002. Filho de Lindolfo Cardoso Dias e Ana Claudina Dias, cuja família é composta de sete irmãos. È casado com Luisa Maria de Albuquerque Cardoso (Luisinha), com quem teve três filhas: Rúbia, Rebeca e Raquel e três netos: Filipe, Gustavo e Fernanda.
         Teve uma infância pobre, estudou com muito sacrifício. Aos quatorze anos de idade foi para o Recife e lá concluiu seus estudos.
         É bacharel em direito pela UNICAP (Universidade Católica de Pernambuco). Pertence a UBE (União Brasileira de Escritores)  a Academia de Letras e Artes do Nordeste Brasileiro, foi sócio fundador da Academia Recifense de Letras, ocupando a cadeira de N°22.
          
É autor de várias obras literárias como:

- A letra do Hino de São José do Egito
- Árvore sem sol – Poesias 1964
- Salva de versos – 1992
-Poemas – 1992
- As veias da Noite – 1993
- Fronteira de Dois Chãos – 1995
- A Pedra de Oráculos – 1996 – Menção Honrosa – Premio Lyra e César –   Academia Pernambucana de Letras – 1997

Eis alguns de seus poemas:

O milagre

Eu sinto dentro do peito
As batidas de um pilão
Que martelam devagar
Triturando cada grão
Cobrindo de ouro vivo
As bordas do coração

Barra de avental
Tão florido de chitão
Que minha mãe sempre usava
No tempo de gestação
Era forma de dizer
Que vinha mais um varão

Tentando conter as lágrimas
Enxugando-as com a mão
Fazia do pão de milho
Uma simples divisão
Distribuindo conosco
Sete fatias de pão.

Cinzas do Tempo

Os sentimentos são pedras
Pelo caminho espalhadas,
Facas-peixeiras agudas
De pontas muito afiadas,
Infeliz de quem tiver
De passar nossas estradas.


Pretendo me redimir
Regando as heras perdidas,
Dando aos jarros alimento
Para as raízes sentidas,
Fazendo a poda dos galhos,
Queimando as folhas caídas.

Estou na lista de espera
Nos bancos dos aeroportos
Aguardando pelo vôo
Que me leva a outros portos
Para espalhar lá de cima
As cinzas dos tempos mortos.

O tempo de gente grande
Tem alta velocidade,
Bem diferente do tempo
Dos dias de mocidade:
Os jovens zombam da vida
E os velhos negam a idade.

De repente perco a chave
E o trinco perro se enguiça.
Passo as horas escutando
O ranger da dobradiça.
Abro os olhos – fecha o tempo
E a noite se desperdiça.

Para mim não valeria
Ser imortal feito os deuses
Se os anos morrem tão moços
-apenas com doze meses -;
Se os dias todos os dias
Morrem vinte e quatro vezes.

Paulo Cardoso Dias

Fonte: Livro "Antologia dos poetas Egipciense" 
                           - Escola Oliveira Lima –

CANTIGAS E CANTOS

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