
A
noite
As
fontes serpeiam, as águas que jorram
Nos
vales esborram, os montes respondem
Nos
nenúfares algumas crisálidas
Nas
horas mais pálidas as folhas escondem.
O
pirilampo que vem do tapume
Procura
o perfume da flor mais distante
Piscando
diante de um traço da lua
Que
alto flutua no quarto – minguante.
Gemem
os ventos nos vastos penedos
Murmuram
segredos em beijos e açoite
Em
todos sentidos as lindas falenas
Se
cobrem nas penas da asa da noite.
Suspiram
as brisas na boca da serra
Abanam
a terra sombria e gelada
As
plantas se curvam ao peso do sono
Diante
o carbono da noite enlutada.
Noites
de sonhos, visões hediondas
De
nuvens redondas que o vento desfaz
Abrem-se
os lírios num santo costume
Que
são o perfume das noites campais.
As
auras soluçam nas árvores virentes
De
estrelas cadentes o céu se reveste
O
globo parece que treme e desmaia
Oculto
na saia da noite que veste
A
neve desdobra no vasto baixio
Seu
ramo macio coberto de véu
Brilham
serenas estrelas polares
Em
longos lugares de um lado do céu.
Existem
receios em todo recantos
Sustos,
espantos, daqui para ali
A
noite, rainha de sonho e fantasma
Se
olha e pasma com medo de si.
Mãe
dos impuros, ladrões, assassinos
Dos
crimes ferinos, assaltos profundos
Oculta
os maus no negro sudário
O
mais necessário pra mais de cem mundos.

Poesia Retirada do livro "Palavras ao plenilúnio"
de Lindoaldo Jr.
CANTIGAS E CANTOS
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