quinta-feira, 30 de maio de 2013

Poesia: A noite >> Uma obra genial de João Batista de Siqueira (Cancão)


A noite

As fontes serpeiam, as águas que jorram
Nos vales esborram, os montes respondem
Nos nenúfares algumas crisálidas
Nas horas mais pálidas as folhas escondem.

O pirilampo que vem do tapume
Procura o perfume da flor mais distante
Piscando diante de um traço da lua
Que alto flutua no quarto – minguante.

Gemem os ventos nos vastos penedos
Murmuram segredos em beijos e açoite
Em todos sentidos as lindas falenas
Se cobrem nas penas da asa da noite.

Suspiram as brisas na boca da serra
Abanam a terra sombria e gelada
As plantas se curvam ao peso do sono
Diante o carbono da noite enlutada.

Noites de sonhos, visões hediondas
De nuvens redondas que o vento desfaz
Abrem-se os lírios num santo costume
Que são o perfume das noites campais.

As auras soluçam nas árvores virentes
De estrelas cadentes o céu se reveste
O globo parece que treme e desmaia
Oculto na saia da noite que veste

A neve desdobra no vasto baixio
Seu ramo macio coberto de véu
Brilham serenas estrelas polares
Em longos lugares de um lado do céu.

Existem receios em todo recantos
Sustos, espantos, daqui para ali
A noite, rainha de sonho e fantasma
Se olha e pasma com medo de si.

Mãe dos impuros, ladrões, assassinos
Dos crimes ferinos, assaltos profundos
Oculta os maus no negro sudário
O mais necessário pra mais de cem mundos.

João Batista de Siqueira (Cancão)


Poesia Retirada do livro "Palavras ao plenilúnio"
de Lindoaldo Jr.

CANTIGAS E CANTOS

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