Há 15 anos, Josildo Sá
estreava em disco, com Virado num paletó véio, sem saber exatamente até onde
iria com aquela, quase, brincadeira de amigos. Incentivado pelo compositor
Anchieta Dali, com uma turma de músicos e colegas se cotizando para bancar a
gravação no estúdio Somax, ele conseguiu fazer o CD. De uma só tacada nascia um
forrozeiro profissional, que logo estaria no primeiro time do gênero em
Pernambuco, e uma casa que se tornaria uma das trincheiras do gênero no Recife:
a Sala de Reboco. Ele gravaria o segundo disco, Coreto, em 2004. Ambos serão
relançados hoje, a partir das 19h, na loja Passa Disco, numa caixinha batizada
de Josildo Sá cantando para o mundo (uma nova série iniciada pelo selo Passa
Disco). Lançamento com uma festa em que o cantor vai montar um “arraiá” junino,
com muito forró.
A história da Sala de Reboco, é Josildo que explica: “Na época
do lançamento, Maciel Melo, Agostinho do Acordeom, e mais uma porção de gente,
fizemos uma buchada numa casa desocupada que Rinaldo Ferraz possuía lá no
Cordeiro. Rolou um forró por lá, e Agostinho sugeriu que ali daria uma boa casa
de forró. Acabou virando a Sala de Reboco”, conta Josildo Sá. Para ele os
relançamentos são bastante oportunos, porque a maioria das pessoas o conhecem a
partir do projeto de samba de latada com Paulo Moura: “Acho que todos os dois
discos continuam bastante atuais, e na verdade são pouco conhecidos, porque a
tiragem foi pequena, de mil cópias cada”.
São também dois trabalhos de conceitos bem diferentes, ressalta
Josildo. O primeiro é mais instigado: “ gravei, Lula Queiroga, Renivaldo
Pinheiro, Abdias Campos, Anchieta Dali, Luis Homero. O segundo, é muito minha
terra, Tacaratu, todas as músicas são composições minhas, com parceiros. Te
muito ali da saudade do sertão. Em coreto eu comecei a gravar o samba de
latada”, comenta Josildo, destacando uma das faixas O bebo: “Esta é curiosa,
porque gravei porque achava que era de um autor de Tacaratu. Mas em toda cidade
que eu cantava, o pessoal dizia que era sobre um bebinho de lá. Acabamos
colocando com ode domínio público”.
Com o samba de latada ele celebrou uma premiada parceria com
Paulo Moura (1932/2010), uns dos grandes nomes da história da música
instrumental no país. Moura e Josildo dividiram um disco, que rendeu turnê
nacional, indicação ao Prêmio TIM e participação no TIM Festival, além de um
DVD, e ainda o disco Frevo de latada.
Ilustrando a capa da caixinha Josildo Sá Cantando para o mundo,
a imagem de um tatupeba, que remonta a uma longa história de um peba trazido do
sertão, cuja carapaça decorava o antigo restaurante e bar Rei do Cangaço, em
Casa Forte: “Depois veio o pessoal Ibama e confiscou. Mas a carapaça do peba
tinha uns simbolismos. Eu vim da Bahia para Pernambuco, e logo depois comecei a
cantar. As iniciais do peba, tem as siglas dos dois estados. Para mim era
também o símbolo da minha origem, no sertão, como o caranguejo era o símbolo do
mangue”, revela Josildo.
José Teles
Jornal do Commercio

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