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Para Que Vim


Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Música: Vital Farias >> O Inquieto Cantador do Sertão



Vital Farias é uma espécie de bruxo da caatinga; um encantador de palavras, sons e sentimentos; um fiel cantador das coisas simples do sertão nordestino; um inquieto poeta diante desse mundo globalizante e capitalista, que coisifica os homens e engole os sentimentos; um porta voz do povo do cariri paraibano; um afinado canto de sabiás, concrizes e rouxinóis das bucólicas paisagens nordestinas; um verdadeiro bardo da alma sertaneja; um violonista que derrama cascatas de tons com virtuosidade e naturalidade e um forte umbuzeiro que resiste as banalidades do modismo cultural que assola esse enorme continente multicutural chamado Brasil.
Inquieto e contestador, o mestre Vital há muito tempo deu seu grito de independência com relação à indústria fonográfica multinacional, que a cada vez mais fecha os olhos e vira as costas para os que cantam a verdadeira alma do povo brasileiro. Politizado com relação a todos os tipos de opressões capitalistas, o vate do cariri paraibano resolveu trilhar na sua produção de maneira independente, fazendo-se de um Dom Quixote e matando um leão todo dia para que o seu canto ecoe nos patamares mais altos e distantes de um Brasil que se dá ao luxo de hibernar na cama do desconhecimento e da ignorância cultural. Vital fez três discos vinis (gravadoras multinacionais) entre o final da década de 70 pra o começo da de 80, e de lá pra cá resolveu não calar a voz ou a produção musical, mas rejeitar os acordos desonestos das gravadoras.
 
Sempre fiel aos sentimentos de homem do sertão, o cantador Vital Farias mostra a luta do sertanejo pela sobrevivência nos poucos pedaços de terra do imenso latifúndio nordestino. O bardo grita em uníssono um canto com mil tons sobre a tragédia na vida de tantos e tantos “Severinins”, que viram as suas poucas produções agrícolas serem roubada ou destruída por coronéis latifundiários; Vital falou de ecologia, quando não se falava de tal assunto, e mostrou a região amazônica sendo destruída pela ganância dos que vêem na floresta um paraíso de enriquecimento fácil. No seu canto estão os aboios dolentes dos vaqueiros sertanejos, das lavadeiras na beira dos açudes, das rezadeiras em noites de novenas, dos poetas repentistas em desafios e dos cantadores cegos de meio de feira. Suas cantigas não são apenas setes, como forma de embevecer nossas almas e alertar nossos espíritos para o mundo em que vivemos; mas sim, são centenas que vertem da sua alma inquieta através de um imenso canto latino americano sobre o homem e a terra. Dentro do seu peito borbulham cachoeiras de canções inéditas e prontas, só esperando o momento de serem colocadas num bicho estranho chamado CD.
No momento em que o negro se permite ser vulgarizado pela mídia capitalista, o tornando apenas um macaco de auditório pra rebolar diante das mil câmeras sedutoras da tv vulgar, Vital compôs uma ópera belíssima e profunda sobre as condições sociais em que o negro sempre viveu no chamado mundo da civilização branca. A ópera “Epopéia Negra” construída em um canto longo e lamentoso descreve a trajetória do homem negro dentro da sociedade dos que detêm o poder. Ela ainda se encontra na fase de produção, no estúdio “Olívia Mãe”, que Vital com muito sacrifício fez no subsolo da sua casa, no bairro Tambiá, na velha Filipéia paraibana.
Conhecer o canto de Vital vitaliza a nossa alma, alerta nosso espírito e abre nossos olhos para o mundo em que vivemos; torna-nos mais humanos e atentos para a vida e nos faz ser mais brasileiros. Seu canto latino americano não é a revolta de uma alma amargurada, mas sim, de uma alma inquieta e contestadora contra as opressões desumanas e violentas do capitalismo mundial. Por isso Vital é universal, porque canta com fidelidade o homem, e o homem é o mesmo ser em todas as partes do mundo, vivendo as alegrias, sofrendo as tristezas, desafiando as derrotas e saboreando as vitórias, durante a sua trajetória de vida.
 
Gilmar Leite (Vate do Pajeú às margens do Paraíba do Norte)
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