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Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

LIVRO / LANÇAMENTO: Livro retrata "poetas marginais" do Recife

Jornalista Camilo Soares lança, nesta quinta-feira (4), Poesia, mesa de bar e goles decadentes, com os perfis de Zizo, Miró e Erickson Luna


Crédito: Camilo SoaresAos 22 anos, quando se graduava em jornalismo pela UFPE, Camilo Soares mergulhou a fundo no universo da “poesia marginal” do Recife. Inspirado por fanzines, mesclou reportagem, literatura e fotografia para a produção de seu trabalho de conclusão de curso. O texto, que compila perfis dos poetas Zizo, Miró e Erickson Luna, ficou na gaveta por dez anos, enquanto Camilo seguia outros caminhos, pessoais e profissionais. Nesta quinta-feira (4), a obra finalmente ganha o mundo, com o lançamento de Poesia, mesa de bar e goles decadentes (Nektar/UFPE, 86 páginas, R$ 20).

Passada uma década, o texto permanece vivo, pulsante, tal qual a poesia dos protagonistas. Um deles, infelizmente, não chegará a ver o projeto de faculdade se transformar em livro: Erickson Luna morreu em 2007. Já Zizo e Miró participam do evento desta quinta-feira, às 19h, no Espaço Cultural Teatro Mamulengo (Praça do Arsenal, Bairro do Recife), com declamações de poesia. Eles também conversam com o autor e com o doutor em literatura André Telles do Rosário, que assina a orelha da obra.

 Entrevista 
Camilo Soares

Como se aproximou do tema?
Na época da faculdade, era inserido nesse meio poético. Tinha grupos de poesia, produzia um fanzine chamado Itinerário Zero, misturando formas poéticas e gráficas. Meu interesse pela poesia já estava ali. Então quando fui fazer meu trabalho de conclusão de curso, me inspirei no fanzine Caos, de Zizo, que dentro vários outros que consumia, era o que mais me tocava. 

Por que os três nomes?
Recife tem vários outros poetas que mereceriam, mas precisei escolher. Miró me tocava pela crítica urbana contundente, enquanto Erickson Luna tinha aquela poesia mais rebuscada, fina, que no fim das contas era uma grande contradição diante da vida desregrada que ele vivia. Zizo, por fim, me interessava por ser um poeta gráfico, que misturava com habilidade o desenho e as palavras, formando uma linguagem própria.  



Como descreveria sua relação com os poetas durante e depois da produção do trabalho acadêmico?
Ah, fazer isso me tornou amigo dos três. Tínhamos encontros muito intensos, conversávamos bastante. Antes de morrer, Erickson Luna leu o texto e me disse algo engraçado: “Não entendo como você adivinhou tudo o que estava na minha cabeça!”. 

Dez anos depois, como enxerga a “poesia marginal” no Recife? A quantidade de poetas que refletem a realidade urbana diminuiu? A internet mudou alguma coisa?
Estive por muito tempo afastado disso tudo, então não tenho tanto contato com as novas gerações de poetas. Sem dúvida a internet contribuiu para diluir um pouco a poesia chamada marginal; mas a essência permanece, a forma da poesia que não chega até as editoras continua circulando. A internet gera novas maneiras de fazer isso, mas o essencial é o contato intrínseco com a cidade, com as ruas. É isso que torna a poesia marginal, urbana.  

Como o livro expressa esse universo?
Tentei fazer de uma forma que não fosse romântica, sem exaltar a loucura, a questão das drogas, do álcool, mas também sem ser preconceituoso em relação a isso. Mostro como os poetas agem, o dia a dia. O mais importante é olhar no olho. O livro é  um resgate dessa geração de poetas que fizeram da rua a sua inspiração e, aos poucos, influenciaram outras artes. Essa poética da cidade foi sacudida por eles.

Falta espaço e reconhecimento para esses poetas?
Aos poucos eles conquistaram muitos espaços. Foram lançados livros sobre eles, foram homenageados por cineastas, chamados para apresentações, e até foram tema de estudos mais conceituais, por parte da academia. Mas ainda é pouco. Talvez pudesse ser criado um edital mais específico em relação a esse tipo 

Miró. Crédito: Camilo Soares

 Miró da Muribeca
Produziu vários livros, foi objeto de estudo do mestrado em letras pela UFPE de André Telles do Rosário, com a dissertação Corpoeticidade: Miró e sua literatura performática (2007), além de tema de diversos filmes documentais, sobretudo o premiado Miró: Preto, Pobre, Poeta e Periférico, de Wilson Freire.
“Me sinto muito feliz por ter trabalhado com Camilo. É uma pessoa muito sincera, que me trouxe de São Paulo somente para fazer isso. Ele que pagou minha passagem. Sinto reconhecimento pelo que faço como cronista urbano. Hoje tenho 52 anos, e é como se ele me tivesse trazendo de novo à tona, pois tem uma visão boa do meu trabalho, que é usar palavras simples pra falar o que vejo nas ruas. Camilo passou pela academia, vem de classe média, mas tem uma visão boa dos poetas marginais. É muito simples e honesto. Não tem caô. Ele é de uma beleza lírica.

Estou agora escrevendo sobre a solidão, sobre as menininhas novinhas que são da bundinha dura e cérebro mole... e também dessa história de derrubar prédio caixão na periferia. Vejo o que as pessoas veem mas não tem tempo de escrever, porque elas vão trabalhar. Eu não tenho trabalho, então só faço escrever. Escrevo minha paranoia. Vivo de pensar. A poesia me dá tudo que preciso, dinheiro, alegria, amigos. Mais nada. O resto me desconforta. Não acredito em mais nada.”

Zizo. Crédito: Camilo Soares

Zizo
Aos 62 anos, já não vive mais debaixo da saia da mãe, como costumava brincar, após o falecimento de dona Inês. Apesar da reclusão costumeira, parece sair aos poucos da sombra. Foi, por exemplo, homenageado pelo cineasta Cláudio Assis no filme Febre do Rato, cujo protagonista carrega seu nome. Hoje, deixou um pouco de lado o fanzine Caos, para se dedicar à Sue, sua personagem fetiche, ápice de seu universo urbano, erótico e filosófico. Pretende, também, transformá-la logo em filme.
“Comecei com o fanzine Caos em1982, mas quando Camilo veio com essa história de escrever sobre mim, achei que fosse brincadeira. Só muito depois que vi que era coisa séria. Eu li, achei interessante, mas tem muitos detalhes que ficaram de fora. Isso é normal, está ótimo assim. Faltou muita coisa, mas não tem como não faltar.
Na verdade, nessa história de livro, só Miró e Erickson Luna que são poetas. Eu só estou dentro porque faço brincadeira de poesia. Sou mais um anarquista, só faço brincar”

Erickson Luna. Crédito: Camilo Soares

 Erickson de Luna (falecido em 2007)
Poeta-símbolo do grupo, por seu romantismo marginal e palavras sábias, publicou muito pouco. Além dos fanzines e, recentemente, sites na Internet (como o Interpoética), só viu a luz de um único livro solo de poesia, Do moço e do bêbado (2004). Seus poemas ainda participaram da Coletânea poética I - marginal Recife (2002) e de Claros Desígnios (2006).

Fellipe Torres - Diario de Pernambuco

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