terça-feira, 26 de março de 2013

POESIA: Jorge de Lima, Poeta e escritor alagoano

Jorge de Lima (1895-1953) foi poeta brasileiro. Fez parte do Segundo Tempo Modernista. É autor de vasta obra poética, que oscila entre o formalismo, o misticismo e as recordações da infância e a figura do negro.
Jorge de Lima (1895-1953) nasceu em União dos Palmares, Alagoas, no dia 23 de abril de 1893. Filho de senhor de engenho, mudou-se para Maceió, em 1902. Estudou no Colégio Diocesano de Alagoas. Com apenas 17 anos, escreveu o poema "Acendedor de Lampiões". Estuda Medicina no Rio de Janeiro. Em 1914 publica "XIV Versos Alexandrinos", que foi sua estréia no mundo literário. Em 1919, retorna a Maceió, onde exerce a profissão e dedica-se à política.
A carreira poética de Jorge de Lima foi múltipla, iniciou-se no Movimento Parnasiano, e no final da década de 20 acercou-se de técnicas do Modernismo, em especial do verso livre. Reuniu as várias fases em seu poema, a epopeia barroco-surrealista "Invenção de Orfeu".

Fonte: e-biografias

Jorge de Lima via a poesia como um dom, como afirmou em 1958:

“Há poetas que fazem da poesia um acontecimento lógico, um exercício escolar, uma atividade dialética. Para mim a Poesia será sempre uma revelação de Deus, dom, gratuidade, transcendência, vocação.”



Poema XXVI – Canto I de Invenção de Orfeu

Qualquer que seja a chuva desses campos
devemos esperar pelos estios;
e ao chegar os serões e os fiéis enganos
amar os sonhos que restarem frios.


Porém se não surgir o que sonhamos
e os ninhos imortais forem vazios,
há de haver pelo menos por ali
os pássaros que nós idealizamos.


Feliz de quem com cânticos se esconde
e julga tê-los em seus próprios bicos,
e ao bico alheio em cânticos responde.


E vendo em torno as mais terrríveis cenas,
possa mirar-se as asas depenadas
e contentar-se com as secretas penas
.


A LÁGRIMA

Ao desgraçado, ao réu, ao pecador, que importa!
És um alívio presto, um conforto, um alento!
Quantas vezes oh! céus, a lágrima conforta
O que diz a Saudade e o que fala o Tormento!

Do desejo que nasce, à Paixão que está morta,
A lágrima completa o universal concento...
Atentai no meu estro: ela convence e xorta
Qual se fora um gemido, um soluço, um lamento!

Quando a voz titubeia, agonizante, louca,
E a paixão quer falar e se constrange e cala,
É a lágrima que diz o que não diz a boca...

A lágrima, meu Deus! que não tem voz nem fala,
É tão boa! parece um confidente mudo
Que, assim mesmo, sem voz e sem falar, diz tudo!

Jorge de Lima

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