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Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Poesia: INNER SPACE (Espaço Interior), um poema de Bráulio Tavares


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Foto do Arquivo / Templo Cultural Delfos

É um rosto tombado, é um sorriso
Que divisa a montanha além do cântico;
Umas águas escuras; e é seu pânico
Refluindo-as na beira do infinito.
Duas faixas de sombra e de granito
Rodeavam-lhe a fronte, e ocultavam
O segredo do nome que ostentava
Em sua testa. É um véu, era uma névoa
Eue nascia do chão, vinha da selva
De onde emergem os búfalos, e escarvam.

É uma face que toca o remoinho
De além-praias, gargalo dos abismos,
Boca funda que sorve, mó dos sismos,
E essa face sorri ao torvelinho.
Vê-se inscrita nas águas, que são vinte,
Que são mil, que são muitas, que são rios;
Vê-se a si, vê-se a ver quem vê quem viu os
Semi-espectros imersos nessas águas...
Vem voltando, trazendo, redes, algas,
Hipocampos, seus olhos, o Vazio.

É uma cara que volta-se aos espaços
Onde a vida não vai; que o verbo alcança;
E aguça esta sede, e incita a ânsia
De saber os porões desses palácios.
E percorre os salões, e cruza os paços,
E perquire as alcovas e as ameias;
Nada encontra: as aranhas medem teias
De infalível desenho sem desígnio;
E esse rosto, um deserto todo escrito
Pelo impacto da luz de tanta estrela.

E essa mão sempre cheia de serpentes
Que me invade a visão, e me oferece
Na mudez de uma dádiva, uma espécie
De ameaça sustida, agouro pênsil?
Ah, meus olhos, reabram-se, reinventem
O vazio de antigos sonos cegos,
Sem temer a vertigem desse pego
Que parece chamar meu desespero;
Mas não vejam a mão com seus capelos,
Cascavéis e urutus vindos dos brejos.

E esta voz, que sustenta seus castelos
No mais vão dos precários equilíbrios?
E a minha? E o ar, sou eu que o vibro,
E ao calar-me, palácios desmantelo?
Essa voz insinua um evangelho
Ou apenas renega os já sabidos?
Despedaça o silêncio e seus cem vidros
Sem vidência, sem chaves e sem senhas?
Não faz nada, essa voz? Só toca o vento?
Toca outra razão? Outro sentido?

Mesmo após findo o corpo, fica o rastro?
Mesmo após o fracasso, fica um eco?
Na memória dos dias, rola o século,
E só fica o que vai no seu arrasto?
Ou o que resta? O que escrevo, e me deslastro,
É o que escapa, ou o que o tempo submerge?
Já que o ser é canção, quem o concebe?
Quem recebe seus grãos? Quem os replanta,
Quem os colhe, e os recolhe? Quem o canta?
Em que plano o que é fluxo permanece?

 Bráulio Tavares

  "A poesia de Bráulio Tavares funda raízes numa mescla criativa de fontes em que dialogam a tradição do cancioneiro popular, nos ritmos despachados, líricos e melódicos do repente e do cordel, a pulsação desencontrada e irreverente da dicção contracultural e os arrepios formais da erudição e da vanguarda".
Hildeberto Barbosa Filho, critico e poeta paraibano.

Fonte: Antônio Miranda

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