A atriz Tônia Carrero ,
um dos ícones da televisão brasileira, morreu por volta das 22h15 deste sábado
(3), aos 95 anos, no Rio de Janeiro.
Tônia
Carrero, cujo nome de nascimento é Maria Antonietta Portocarrero Thedim,
passava por uma pequena cirurgia em uma clínica particular na Gávea, na Zona
Sul do Rio de Janeiro, quando teve uma parada cardíaca e não resistiu, segundo
a família da atriz.
Ela
tinha sido internada na sexta (2) com uma úlcera no sacro e morreu durante
procedimento médico, afirmou a neta da atriz Luísa Thiré, à GloboNews. Luísa
também disse que o velório deve ocorrer neste domingo (4) e a avó deve ser
cremada na segunda-feira (5).
O
local e detalhes do velório ainda não foram definidos pela família.
A atriz Tônia Carrero fez parte do elenco de 54 peças, 19 filmes e 15 novelas (Foto: Divulgação)
Tônia
é a matriarca de uma família que tem quatro gerações de artistas: além do único
filho, o ator Cécil Thiré, netos e bisnetos também seguiram a carreira. Ela é
classificada pelo projeto Brasil Memória das Artes, da Funarte, como "diva
e dama" e "referência de beleza, inteligência e talento na história
do teatro brasileiro".
54 peças, 19 filmes e 15 novelas
Uma das atrizes mais consagradas do Brasil, Tônia é
conhecida por inúmeros papéis marcantes - como Stella Fraga Simpson, em “Água
Viva” (1980), e a Rebeca, de "Sassaricando" - e integrou o elenco de
54 peças, 19 filmes e 15 novelas.
Sua última novela foi “Senhora do
Destino” (2004), de Aguinaldo Silva, na qual fez uma participação especial. No
cinema, sua última aparição foi em “Chega de Saudade” (2008).
Grande homenageada do Prêmio Shell de
2008, Tonia atuou no teatro pela última vez em 2007, em 'Um Barco Para o
Sonho', de Alexei Arbuzov, peça produzida pelo filho Cécil e dirigida pelo neto
Carlos Thiré.
Tônia
começou na televisão na década de 60, a convite do autor Vicente Sesso, para
fazer “Sangue do Meu Sangue” ao lado de Fernanda Montenegro e Francisco Cuoco.
A novela do diretor Sérgio Britto foi exibida em 1969 pela TV Excelsior (veja mais abaixo).
Formada
em educação física
Filha
de Hermenegildo Portocarrero e Zilda de Farias Portocarrero, Maria Antonieta
Portocarrero Thedim nasceu em 23 de agosto de 1922, em uma família de
militares, e se formou em educação física em 1941.
Sua
formação artística foi obtida em cursos em Paris, para onde foi com seu então
marido, o artista plástico e diretor de cinema Carlos Arthur Thiré. Lá, teve
aula com grandes atores, dentre eles Jean-Louis Barrault.
Em seu
retorno ao Brasil, aos 25 anos, estrelou seu primeiro filme, “Querida Suzana”,
de Alberto Pieralise. ao lado de Anselmo Duarte, Nicette Bruno e da bailarina
Madeleine Rosay.
Tônia Carrero e Paulo Autran em 'Seis Personagens à Procura de um Autor', de Luigi Pirandello, 1959. Direção: Adolfo Celi. (Foto: Cedoc/Funarte)
Tônia
Carrero e Paulo Autran em 'Seis Personagens à Procura de um Autor', de Luigi
Pirandello, 1959. Direção: Adolfo Celi. (Foto: Cedoc/Funarte)
Dois
anos depois, em 1949, subiu aos palcos pela primeira vez em “Um Deus Dormiu Lá
em Casa”, com Paulo Autran. A produção havia sido realizada pelo Teatro
Brasileiro de Comédia (TBC), em São Paulo, sob direção artística de Adolfo Celi
– segundo marido de Tônia.
Nos
anos seguintes, estrelou inúmeras peças do TBC, como “Amanhã, se Não Chover”
(1950), de Henrique Pongetti; e “Uma Mulher do Outro Mundo” (1954), de Noel
Coward; “Otelo” (1956), de Shakespeare; “Entre Quatro Paredes” (1956), de
Jean-Paul Sartre; e “Seis Personagens à Procura de um Autor” (1960), de Luigi
Pirandello.
Grande
beleza
Sua
beleza chamava a atenção de diversos diretores de cinema. Assim, a convite do
empresário Franco Zampari, ela integrou a Cia Cinematográfica Vera Cruz, da
qual tornou-se um dos rostos mais conhecidos.
Foi
protagonista de “Apassionata” (1952), de Fernando de Barros; “Tico-tico no
Fubá” (1952), de Adolfo Celi; e “É Proibido Beijar” (1954), de Ugo Lombardi.
Em
1967, ela se despede da imagem sofisticada e mergulha no universo de Plínio
Marcos em “A Navalha na Carne”. Ao lado de Emiliano Queiroz e Nelson Xavier, e
sob a direção de Fauzi Arap, vive a prostituta Neuza Suely. A montagem
incomodou a ditadura militar, se tornou um dos espetáculos mais aplaudidos da
temporada e foi um divisor de águas na sua carreira.
Carreira
na televisão
Um de
seus personagens mais marcantes foi a sofisticada e encantadora Stella Fraga
Simpson, em “Água Viva” (1980), de Gilberto Braga. Tônia viria a trabalhar
novamente com o autor em 1983, na novela “Louco Amor”, desta vez interpretando
Mouriel.
Em
1978, integrou o elenco de “Quem Tem Medo de Virgínia Wolf”, de Edward Albee,
com direção de Antunes Filho. Em 1984, subiu aos palcos para encenar o
espetáculo “A Divina Sarah”, de John Murrell, com direção de João Bethencourt.
Três
anos depois, viveu mais um personagem marcante na TV: Rebeca, de
“Sassaricando”. Em 2000, também na Rede Globo, interpretou Mimi Melody em
“Esplendor”, de Ana Maria Moretzsohn.
Tônia Carrero atuou no teatro, no cinema e na televisão (Foto: Divulgação)
Por G1
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