Seguidores

Para Que Vim


Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Poesia: "Divisões da vida", um poema de Enoque Ferreira Leite

DIVISÕES DA  VIDA 

Desponta o sol da infância
No horizonte da vida
Como medindo a distância
Dessa jornada comprida
30 anos é meio dia
40 é tarde sombria 
50 é sol no poente
70 é quando anoitece
80 desaparece 
A esperança da gente

10 anos tempo de flor 
Aos 20 deixa ilusão
Aos 30 aparece dor
40 é recordação
50 é triste lembrança
60 morre  esperança
70 é cume das frágoas 
80 já é o cúmulo
90 a boca do túmulo 
recebe o resto das mágoas

Tempo bom é adolescência
Juventude é céu de flor 
Transpira odor da essência 
Pelas pétalas do amor
Depois a virilidade
Chega plantando saudade
Afugentando a virtude
E a onda dos desenganos
Empurra a barca dos anos
No cais da decrepitude

É muito escuro o porvir 
Depois dos 50 anos 
Começa o homem a sentir
O peso dos desenganos
Uns não alcaçam 60
Outros passam de 70
80 o mastro bambeia
90 o barco desanda 
E a morte fica de banda
Morando parede e meia  

Embalado o tempo corre
Tudo que é bom se liquida
Cada uma tarde que morre 
Encurta um dia de vida
Cada data é uma história
Que fica em nossa memória 
Que a vida é como um jornal
Tudo que passa anuncia 
Cada uma página é um dia 
A morte um ponto final

A vida é como uma rosa
Que as pétalas contém aroma
Enquanto nova é cheirosa
Ficando velha ela broma
No 30 com um sereno
Pelo frescor do terreno
A roseira se eleva
Depois que falta o orvalho
Murcha  a rama, seca o galho,
Cai a flor, o vento leva

Para me certificar
Que a vida não vale nada
Eu resolvi visitar  
A nossa ultima morada
Como quem se desanima
Chorei de joelhos em cima
Do tumulo dos meus avós
Onde uma lousa funénera
Vive cobrindo a matéria 
Que tantos foi como nós

Enoque Ferreira

Extraído  do CD SERTÃO DIVERSO de Felisardo Moura


Blog  do Belmontense Poeta Cícero Moraes

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Rio Pajeú: “O Rio da minha infância – Parte 2”, por Gilmar Leite


O RIO DA MINHA INFÂNCIA – Parte 2

Hoje a caminhada foi no sentido Monte, onde fica uma igrejinha. De cima do monte, vê-se São José do Egito a oeste. Ao norte, fica a cordilheira da Borborema, na qual tem o Pico do Jabre, segundo ponto mais alto do Nordeste.
Voltando da caminhada, passei pelo "Riacho dos Porcos", afluente do Rio Pajeú. O pequeno riacho, apesar do nome sugestivo, na época da minha infância, era um lugar cheio de peixes e de poços, para eu pescar e tomar banhos com meus colegas. Mais ou menos na década de 80, foi feita uma canalização dos esgotos da parte baixa de São José do Egito. Além dos agentes poluidores, desembocava restos de óleos que vinham das oficinas de carro. Lembro bem quando eu passava, via os peixes agonizando e morrendo por causa da poluição. 
Hoje, depois de passar pelo riacho dos porcos, passei sobre a ponte urbana do Rio Pajeú. Ao olhar de cima vi um poço extremamente poluído, dos esgotos que descem da parte alta da cidade. Uma sujeira de causar dó, no lindo rio que banhou Rogaciano Leite, Antônio Marinho, os irmãos Batistas, Job Patriota, Cancão, Bio Crisanto, Zé Dantas... E tantos e tantos poetas, cangaceiros...Figuras lendárias do lindo Pajeú das Flores. A minha geração de poetas, também tomou banhos nas águas barrentas ou turvas do " Rio do Feiticeiro".
Há anos, a sociedade civil, empresarial, agroindustrial, está destruindo nossos mananciais de água.
No Rio Pajeú de hoje, só corre as águas da poesia, que apesar da poluição cultural, tem resistido através dos poetas e cantadores.

Por Gilmar Leite    

Fotos de Gilmar Leite – 28/02/2015
Gilmar Leite

Facebook do Autor

Poesia: "Idealismo", um soneto de Augusto dos Anjos


Idealismo

Falas de amor, e eu ouço tudo e calo
O amor na Humanidade é uma mentira.
É. E é por isto que na minha lira
De amores fúteis poucas vezes falo.

O amor! Quando virei por fim a amá-lo?!
Quando, se o amor que a Humanidade inspira
É o amor do sibarita e da hetaíra,
De Messalina e de Sardanapalo?

Pois é mister que, para o amor sagrado,
O mundo fique imaterializado
— Alavanca desviada do seu fulcro —

E haja só amizade verdadeira
Duma caveira para outra caveira,
Do meu sepulcro para o teu sepulcro?!

Augusto dos Anjos

GENTE: Antônio Nóbrega percorre o Brasil em busca de manifestações populares

Recifense defende que o país precisa tirar do gueto vertentes como o erudito e o contemporâneo

"Se a gente colocar a cultura popular de um lado e a erudita de outro, criamos um distanciamento dentro da nossa história". Foto: Vitor Vogel/Divulgação

Depois de percorrer quase todo o Brasil para respirar a essência das manifestações populares e vivenciar os mais diversos cantos e danças que contemplam a cultura brasileira, o recifense Antônio Carlos Nóbrega defende que é preciso rever os conceitos de cultura popular e cultura erudita. Como explica o artista, “a gente tende a guetificar o conceito de cultura popular”. Ao unir diferentes símbolos brincantes, Nóbrega criou o próprio estilo e concepção artística, e, por meio da dança contemporânea, procura expor o diálogo entre as matrizes corporais do mundo popular brasileiro.

“Meu trabalho com a dança busca fazer o diálogo entre as matrizes construídas dentro de um extrato sócio cultural”, afirma o artista. Ao defender que a nossa raiz cultural também comporta certos aspectos ocidentais, Nóbrega ressalta que os padrões técnicos formais dialogam com a matriz popular: “Se a gente continuar colocando a cultura popular de um lado e a erudita de outro, criamos um distanciamento dentro da nossa própria história”.

Autor de inúmeros espetáculos e um dos nomes mais marcantes da arte no Brasil, o dançarino e pesquisador acredita que, pela mescla conceitual existente nas manifestações artísticas, a divisão tradicional de popular e erudito já está ultrapassada. “Há determinadas obras menos complexas e outras mais complexas, além daquelas que se requer um aprimoramento intelectual”, explica.

Ao misturar passos do frevo com o caboclinho, por exemplo, Nóbrega mostra como é possível contemporanizar o mundo simbólico e lúdico na dança contemporânea, e assim, misturar os conceitos de popular e erudito. “Quero fazer com que o universo simbólico fique mais compreensível dentro da realidade”, completa o artista.


Diário de Pernambuco

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Rio Pajeú: "O Rio da Minha infância - Parte 1", por Gilmar Leite


O RIO DA MINHA INFÂNCIA

Igualmente vários rios do Brasil, o Rio Pajeú, no percurso de São José do Egito, encontra-se praticamente morto e deformado. Este rio lendário, agredido pela especulação imobiliária e pela destruição da mata ciliar, mostra um leito desertificado e uma aparência confusa, parecendo não mais existir. Na outrora existência da minha meninice, o encantador Rio Pajeú esbravejava no inverno e deixava poços durante o ano, onde eu e os moleques da amizade lúdica, tomávamos banhos e pescávamos corrós, traíras, piabas, piaus e mandins. Foi um tanto triste vê o rio que inundou de alegria meu tempo de menino, hoje, mostra-se todo deformado e desertificado.

 Fotos feitas "27/12/2015" - Gilmar Leite

Por Gilmar Leite
Gilmar Leite

Facebook do autor

A poesia de Paulo Robério


O sol esturrica o chão
Queima o resto que há de flora
O pouco d'água evapora
Na caldeira do verão
Ninguém ouve mais trovão
No solo não cai neblina
Aqui mesmo em Petrolina
É grande a calamidade
Não chove mais na cidade
Nem na área campesina.

Já vendo a hora morrer
Meus animais sem ração
Eu fiz uma plantação
De palmas pra socorrer
Gastei muito sem poder
E trabalhei no pesado
Mas não tive resultado
Reclamo da minha sina
Pois o galo de campina
Comeu o que foi plantado.

Esse bicho esfomeado
Não quer comer o xerém
Que comprei no armazém
E espalhei no roçado
Quer matar de fome o gado
Destruindo a plantação
Pus espantalho no chão
Pra ver se espantava ele
Virou foi poleiro dele
E minha palma a ração.

Palma Orelha de Elefante
Lá da Agro Curaçá
Eu plantei ela por cá
Achei muito interessante
E pensei que ia avante
Por ser livre do Carmim
Mas não é do "passarim"
Apenas da Cochonilha
Meus nervos tão uma pilha
Vendo ela chegar ao fim.

Não sei mais o que fazer
Pra não ter mais prejuízo
Alguma ação é preciso
Adotar pra reverter
Ou a palma vai morrer
Ou os passarinhos vão
Ou Deus manda a solução
Que querendo Ele não tarda
Ou recorro a espingarda
Carabina de pressão.


Paulo Robério
Paulo Roberio

Facebook do Autor

domingo, 27 de dezembro de 2015

São José do Egito: 101 anos de Louro, 60 anos de Zeto > "Já vai começar a feira", por Ésio Rafael

Fotos de Paulo Carvalho
"JÁ VAI COMEÇAR A FEIRA"!
De três a seis de janeiro próximo, em São José do Egito, no Pajeú pernambucano, teremos a festa dos 101 anos do Louro do Pajeú, a propósito do que ocorreu no ano passado ( os 100 anos) com muito exito e dos 60 de Zeto. Isso muito representa, principalmente para aqueles que pegaram o bonde nas primeiras estações de viagens, rumo à Terra Santa das musas e do verso de improviso. A cada seis de janeiro, a festa rolava na casa de Lourival, nas primeiras horas matinais, numa cidade, onde quem não fosse nada, seria pelo menos, sobrinho do Augusto dos Anjos.
Cantadores de várias gerações e regiões do Nordeste iam chegando com suas violas à tira colo, caminhando perfilados, até a home do genial poeta. Parecia mesmo uma procissão onde cada poeta conduzia o seu próprio andor em um dos lados das costas.
Nomes famosos se aglomeravam na rua, na calçada, no terraço, no corredor e na cozinha do "Rei dos Trocadilhos", apoiados por dona Helena Marinho, mãe de todos e guardiã da cidade.
Familiares, amigos, admiradores e poetas, ao som das violas, das glosas e das prosas teciam o dia que parecia terminar num piscar de olhos, com tantas coisas para se admirar. Sobre a mesa, o café da manhã era rotativo, e pra quem fosse chegando. O cantador, "poeta/vaqueiro", Pedro Amorim, de extenso bigode e camisa quadriculada, chegava, de Itapetim, com meio saco de galinha de capoeira ("legítima" como diria dona Mercês, mãe de Zeto) retirava do ombro e fazia a devida entrega para "Mãe Nena".
Na sala/terraço, as duplas de violeiros se revesavam ininterruptamente, para os "baiões de viola". Urbano Lima, apologista, escritor e empresário do mundo das construções, era figura carimbada nos aniversários do Louro. O Professor Paulo Marques, da URFPE, que o Pedro Amorim o batizou de - Padre eterno, em consequência de sua longa barba, também participava da festa anual. Estudantes secundaristas e universitários, também faziam parte. Joselito Nunes, poeta, escritor, também conferia presença, além de divulgar os poetas, ao publicar vários livros dos cantadores, por ser ele, diretor da Imprensa Universitária da URFPE. Enfim, toda a cidade se mobilizava para os festejos de aniversário do mestre.
Hoje, filhos e netos celebram o aniversário do poeta com o apoio principal do - INSTITUTO LOURIVAL BATISTA, localizado na cidade de São José do Egito.
No mais, vamos encerrar essa história de hoje, com dois versos, sendo um do Louro e outro do Zeto. A começar por Lourival, numa- Roda de Glosa, no clube Democrático em Arcoverde, durante o Festival de Violeiro, onde só tinha "fera", dentre elas, Patativa do Assaré, nos anos 80, em cima do mote dado por Diniz Vitorino - COVEIRO SEM ESPERANÇA/NÃO SEPULTE O MEU PASSADO:
Louro - VELHO COVEIRO OBSCURO
DA MORTE ÉS UM BENEMÉRITO
SETENTA ANOS DE PRETÉRITO
E QUASE NADA DE FUTURO
EU VIVO PAGANDO JURO
E UM TANTO IMPRESSIONADO
HOJE ABATIDO E CANSADO
DEIXE O VELHO SER CRIANÇA
COVEIRO SEM ESPERANÇA
NÃO SEPULTE O MEU PASSADO.
Zeto- A GENTE CASOU BEM ANTES
DE IR PRA IGREJA DE DEUS
OS TEUS OLHOS JUNTOS AOS MEUS
ETERNIZARAM OS INSTANTES
FOMOS LIVRES E ERRANTES
QUE LOUCURAS COLOSSAIS
JUNTAMOS OS IDEAIS
PRA NO FIM DAR TUDO ERRADO
ESTÁ TUDO CONSUMADO
NÃO NOS PERTENCEMOS MAIS.
Por Ésio Rafael

sábado, 26 de dezembro de 2015

Maria Bethânia: 'A poesia tem uma sensualidade infernal'


Maria Bethânia lança 'Caderno de Poesias' - Divulgação



RIO — Em 2009, a historiadora mineira Heloisa Starling convidou Maria Bethânia para participar de um projeto da Universidade Federal de Minas Gerais em que a cantora escolheria seus poemas preferidos para declamar aos alunos. Bethânia topou, encheu os bolsos com versos de Fernando Pessoa, Castro Alves, Guimarães Rosa, entre outros, e, meses depois, interpretou-os para uma plateia lotada de jovens. O som falhou, a luz faltou, mas o sarau improvisado nunca saiu da memória da artista, que acabou transformando a ideia no espetáculo “Bethânia e as palavras”, que rodou Brasil e Portugal.
No ano em que comemora cinco décadas de carreira — com show, exposição e enredo de carnaval entre as celebrações — a cantora agora lança o livro com todas as poesias escolhidas, além de textos de próprio punho: “Caderno de poesias” (Editora UFMG), com projeto gráfico de Gringo Cardia.

Paralelamente, sai pela Biscoito Fino o DVD do espetáculo que deu origem à publicação. E o que era para ser só um sarau para alunos também vai virar uma série de TV: ao assistir a uma das apresentações, a direção do Arte 1 a convidou para criar um programa sobre o tema, e o piloto, sobre Castro Alves, acaba de ser gravado. Ao GLOBO, Bethânia fala sobre sua relação com a poesia.

Além de poesia, é sabido que você adora HQs. Foram os quadrinhos que te despertaram para a leitura?
Na verdade, não. Estudei em colégio de freira, com muito rigor, onde eu tinha muito medo. Mas conheci o professor Nestor de Oliveira. Ele me trouxe a novidade de que uma aula podia ser deliciosa. Ele saía daquele rigor. Acho que ele era muito boêmio e não preparava a aula, sabe? (risos) Ele pegava uma poesia linda do Castro Alves, dava um pouco de gramática e tome poesia! Foi daí. A coisa da história em quadrinhos me pegou já aqui no Rio, quando me vi com 17 anos caindo nessa novidade de ser cantora famosa. Era uma coisa infantil. E eu ainda leio. Domingo agora ganhei um livro muito interessante, “A vida oculta de Fernando Pessoa”, em quadrinhos.

Depois do Nestor, quais mestres foram te guiando pela poesia?
Sou irmã de Caetano, né? Mas vindo para o Rio, Vinicius de Moraes, que foi um grande amigo, um grande professor. Por algum tempo, morávamos no mesmo prédio, e ele perguntava: “Bethaninha, que cê vai fazer hoje? Tome este livro. Leia e comente comigo”. E Fauzi Arap (diretor de teatro). Este projeto, hoje, é fruto de um exercício que Fauzi e eu descobrimos juntos, lá atrás, um jeito que cortar um poema e colar com um pedaço de música, essas colagens que ele me ensinou para eu me expressar melhor.

A ordem dos poemas também foi estabelecida por você?
Fui eu que fiz tudo. E fiz às 11h, numa universidade, sem luz, sem som, eu cantarolava à capela, e todo mundo foi gostando daquilo, como se fosse um espetáculo. E pra mim não era. Mas com o respaldo da universidade e com a permissão dos autores, virou. E isso pra mim é bonito porque vai oferecer para outros alunos aquela mesma emoção que eu senti com o Nestor. Se não fosse com esse propósito, eu deixava tudo guardado, quietinho, como sempre fiz, e depois queimava (refere-se aos textos de sua autoria que integram o livro).

Mas na exposição que ocupou este ano o Paço Imperial havia alguns dos seus cadernos de poesias à mostra...
Eu dei uma aberturinha maior esse ano, né? (risos) Eu não tenho intenção nenhuma de publicar, nada. Eu gosto é do exercício. Faço para me aliviar. Toda essa pressão de palco, estreia, visibilidade... É uma válvula de escape.

No livro, você escreve que “Dizer poesia hoje, nesse tempo de tanto desapego, é tarefa difícil. É como ofender o mundo”.
Exato. Pare um pouquinho, desligue o telefone dez minutos, leia um verso. Em algum momento você vai se lembrar de como aquilo te fez sentir. Alguma coisa fica. Neide Archanjo dizia: “Poesia é uma pétala caindo no abismo”.

Mas a poesia também vive um momento bom, com boas vendagens para coletâneas, como a de Leminski.
Acho que é porque pessoa também não aguenta! Ninguém aguenta ficar três horas no trânsito sem cantarolar uma canção, sem lembrar de uma frase, de um beijo, de um perfume.

A lista dos poemas do livro tem Fausto Fawcett, Bruna Lombardi.
‘No desespero eu corro pro Pessoa, a poesia me vinga. Pelo menos alguém escreveu o que eu não sei dizer’

Foi a Regina Casé quem me apresentou à poesia de Fausto Fawcett, e adoro. A Bruna eu conheço de muitos e muitos anos. E quis incluir aquele poema lindo que ela fez quando arrebentou com o mundo como Diadorim (na minissérie “Grande Sertão: Veredas”, em 1985), um poema sobre o ar: “Você pode me empurrar pro precipício/ não me importo com isso/ eu adoro voar”.

Como surgiu o programa de TV?
A direção do Arte 1 me procurou, com interesse em investir em poesia, querendo que eu fizesse um programa. Eu disse que sim, mas que primeiro precisava saber se tinha dinheiro público dentro. Se tivesse, eu estaria fora. Depois, disse que não sou jornalista, não sei entrevistar, não sou intelectual, não sirvo para mediar. O que posso fazer é interpretar. Sugeri começarmos com Castro Alves, e botar o professor Alberto da Costa e Silva para dialogar com o Mautner. Eles conversavam, e de vez em quando citam algum poema. E eu pá! Entro e declamo. E eu também pedi para ter sempre um professor de escola pública em cada episódio, para conversar sobre a sua realidade.

Você lê poesia erótica?
Sim. Recebi o livro do Chico César, “Versos pornográficos”, quando fizemos um show juntos. E desde então estou louca por este livro. E é uma delícia, ele é danado, eu lia e pensava: menino, tome juízo! A poesia tem uma sensualidade infernal. Tem uma hora que nego fica mexendo ali e não segura a onda, entrega o jogo.

Como você viu a notícia do incêndio no Museu de Língua Portuguesa?
Eu estava vendo TV e vi a tragédia. Inclusive eu “falo” neste museu, eu recito justamente Diadorim, de Guimarães Rosa. É um simbolismo muito forte, o fogo lambendo a nossa língua. Logo nesse lugar, esse elemento... Você veja: água, lama, lume. É a natureza estremecendo. Isso me dá mais certeza de que a natureza é realmente poderosa e está dando sinais de muita nitidez. Normalmente, quando tem lume, é um bom sinal. É um elemento que está perto de mim, por causa do meu orixá. É sabido que o lume, quando incendeia, renova. Por isso eu queimo meus papéis, meus escritos, e quando falam “que pena”, eu penso: pena nada, eu é que não sou boba.

E o fogo renova sua escrita?
O fogo pode ser um sinal de esperança, sim. O que eu fico assustada, mais do que tudo, é com o cinismo. O cara acaba com as cidades, com lama, cobre tudo, mata, e não acontece nada. Agora o incêndio, ah, “pode ter sido um curto-circuito porque não tinha prevenção”, como assim? O Rio de Janeiro botando tapume nos hospitais. É muito cinismo, é desesperador. No desespero eu corro pro Pessoa, a poesia me vinga. Pelo menos alguém escreveu o que eu não sei dizer.

POR O GLOBO  

TV: Renato Vianna vence o The Voice Brasil 2015

Paulistano abocanha mais de 50% dos votos


Renato Vianna é o grande vencedor do The Voice Brasil 2015 / TV Globo/Reprodução

Renato Vianna é o grande vencedor do The Voice Brasil 2015

TV Globo/Reprodução


O cantor Renato Vianna, de 21 anos, é o grande vencedor do The Voice Brasil 2015. O duelo final, realizado na noite desta sexta-feira (25), consagrou o participante do grupo de Michel Teló com mais de 50% dos votos do público. Experiente, o paulistano já é figurinha carimbada do público que curte reality shows musicais, tendo participado de programas como o do Raul Gil e Qual é o seu Talento?. Estreante como jurado do programa, Michel Teló entrou na disputa com o pé direito e já conta com um premiado em seu time. “Estar nessa cadeira é realmente muito especial. Quero agradecer ao Daniel, porque eu peguei essa cadeira emprestada dele”, comentou Teló. “É uma honra ter o Renato na minha equipe”, finalizou.

Durante a noite, o coração pernambucano bateu a mil: pela primeira vez, um recifense esteve entre os finalistas. Ayrton Montarroyos, do time de Lulu Santos, lutou com garra durante os últimos meses, levantando com afinco e encanto a bandeira da música popular brasileira. Depois de dois meses fazendo ponte aérea Recife – Rio de Janeiro, Ayrton diz que sempre se considerou um vencedor: “Desde o primeiro momento eu disse à minha tia: ‘Mesmo que não virem a cadeira, vai ser massa, vamos cantar em rede nacional’ – e olha aonde eu cheguei”, relembrou em entrevista ao Jornal do Commercio. Durante a jornada de Ayrton no programa, Lulu não foi o único a virar a cadeira para ele: o intérprete volta para casa com um Brasil hipnotizado pela sua presença. "Você dá uma facada na gente e a gente não sente. Você tem um jeito de cantar que hipnotiza e depois morde. Você é uma grande voz!", avaliou o apresentador Tiago Leifert. 

No palco, os quatro participantes deram início ao programa cantando Óculos, de Herbert Vianna. Em uma noite em que a decisão não caberia aos jurados, Claudia, Lulu, Michel e Carlinhos também soltaram o gogó. De cara, Lulu resgatou um clássico dos anos 2000: Xibom Bombom, que ganhou fama na voz do grupo As Meninas. Nikki abalou as estruturas do reality, mostrando estar bem além da cabeleira cor-de-rosa: a finalista do grupo de Claudia Leitte arrancou a peruca e entoou clássicos do "maluco beleza" Raul Seixas. Dentre outras emoções, Carlinhos Brown e Junior Lord se uniram para um dueto deMagamalambares, do próprio Brown. 
Ayrton pode não ter trazido o prêmio de R$ 500 mil para casa, mas Pernambuco esteve muito bem representado na sua voz e na de Bella Schneider. De uma coisa temos certeza: saímos vitoriosos. 

Mari Frazão - Diário de Pernambuco

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Poesia: "Jesus", um soneto de Anderson Braga Horta


JESUS

Noite clara em Belém. Canta em surdina
o luar no firmamento constelado.
Natal – noite de luz, noite divina.
Cristo – um lírio na treva do pecado.

Brilha agora, no céu da Palestina,
meigo, intenso clarão abençoado:
do espaço, a estrela aos simples ilumina
o berço do Senhor recém-chegado.

Os reis magos e os cândidos pastores
dão-lhe incenso, ouro e mirra, hinos e flores…
e o Menino, alegrando-se, sorria…

José fitava o céu, todo ventura.
E as estrelas, chorando de ternura,
cintilavam nos olhos de Maria.


Anderson Braga Horta

GAFE: Erro de design teria causado confusão em concurso de Miss Universo


Alguns erros de design na ficha que indicava a vencedora do Miss Universo seriam os verdadeiros responsáveis por todo engano que ocorreu no concurso. É o que sugere o designer mexicano Adan Avelar, que divulgou em sua conta no Facebook a foto do papel com o resultado da competição, indicando que o engano do apresentador Steve Harvey teria sido, na realidade, inevitável. "Amigos, para que vejam que um desenho funcional evita grandes problemas #MissUniverso2015", escreveu.

As críticas foram reforçadas na página de um evento internacional de design, que compartilhou a imagem nesta terça-feira (22). "A proporção das letras com o nome das ganhadoras está muito mal", "E isso porque é só o design de uma informação", diziam alguns comentários. O apresentador, no momento da correção, chegou a mostrar ao público o papel: "Isso é exatamente o que está no cartão. Eu vou assumir a responsabilidade por isso. Foi erro meu. Estava no cartão. Erro horrível. Mas o resultado certo, eu posso mostrar-lhes aqui: a vice-campeã é a Colômbia", falou.

Diário de Pernambuco

80 ANOS: 80 anos de Duda celebrado com carnaval em pleno dezembro

Músicos foram foram tocando do Centro até a casa do maestro

Duda regendo o orquestrão diante do prédio onde mora  / foto: Fernando da Hora/JC Imagem

Duda regendo o orquestrão diante do prédio onde mora

foto: Fernando da Hora/JC Imagem


A Praça da Independência, durante o Carnaval se transformava em Quartel General do Frevo, toda a folia da capital convergia para a pracinha localizada no Centro do Recife, no encontro das Avenidas Guararapes e Dantas Barreto. O local já foi também palco para apresentações de cordelistas, violeiros, emboladores e coquistas, Fica lotada o ano inteiro. Ontem as pessoas que ali fazem ponto confundiram com mais uma pregação religiosa o ajuntamento de pessoas que se formou no final da tarde. Não imaginavam que se tratava de músicos, até surgirem rostos bem conhecidos, o maestro Spok, o cantor Claudionor Germano e o compositor Severino Luís de Araújo (autor de Morena Azeite).

O encontro foi convocado pelo maestro Ademir "Formiga" Araújo para homenagear o maestro Duda, que completou 80 anos ontem. Tinha que ser no QG e com muito frevo. O aniversariante, no entanto, não aparecia. "Ele foi no Arruda pegar o caldinho que encomendou para os músicos", explicou outro maestro, Spok. Os músicos foram esquentando os instrumentos. O povo foi chegando. Logo Fogão (Sérgio Lisboa) e a Marcha nº 1 do Clube Mixto Vassourinhas (Matias da Rocha/Joana Batista) ressoavam pela pracinha como nos velhos tempos. Não demorou, do nada, surgiu um passista, com um velho guarda chuva, como acontecia nos primeiros anos do frevo, ali mesmo. Um senhor, de uns 70 anos, bem vestido, também caiu no passo. Na orquestra, composta de uns 30 músicos, estava Rafael, neto do maestro Duda, que toca o sax Selmer com que o avô animou dezenas de carnavais. Ainda se esperou que o aniversariante chegasse ao QG do frevo. Duda ligou avisando que esperava o orquestrão na sua casa, na Rua José de Alencar, nos Coelhos.

Rua Nova, Ponte da Boa Vista, Imperatriz, Praça Maciel Pinheiro viram pela primeira vez este ano o frevo passar por elas como nos velhos tempos. Um arrastão comandado por Ademir e Spok, seguido por foliões, que não entendiam que Carnaval era aquele, mas atendiam ao chamado do frevo: "Eu adoro o frevo desde pequena, mas meus pais não deixavam que eu brincasse, diz Bernadete, 53 anos, moradora de Areias, fã de Claudionor Germano, com quem tira uma foto. Na frente do prédio em que mora, o maestro Duda regeu a orquestra por algum tempo e convidou o pessoal para o apartamento onde a cerveja estava esperando. Foi uma festa de músicos, sem "autoridades competentes", como era o frevo há cem anos.

José Teles
JConline

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

São José do Egito: 101 anos de Louro e 60 anos de Zeto, de 03 a 06 de janeiro de 2016



101 ANOS DE LOURO - 60 anos de Zeto
PROGRAMAÇÃO - 2016
Dia 03 de janeiro (domingo)
Igreja da Matriz de São José – 19h 
- Missa do Cantador, com o poeta Pe. Luisinho
Cantadores: Valdir Teles e Diomedes Mariano
Instituto Lourival Batista – 21h
- Exposição permanente: Lourival Batista - 100 Anos de Poesia
- Exposição fotográfica: A Parte que Iluminou - de Josimar Matos
Exibição de filmes 
- Não tem só mandacaru de Tauiana Uchoa
- Bom dia, poeta! de Alexandre Alencar
Dia 04 de janeiro de 2015 (segunda
Bodega de Job Patriota– 15:30
- Recital: Lucas Rafael e Marcos Passos 
- Lançamento de livro Cosmigalha, de Tonfil
- Recital da Roedeira: Izabela Ferreira, Thyelle Dias, Sara Cristovão, Dekiane Ribeiro, Mariana Veras e Dayane Lopes
- Silvia Patriota (Lançamento do CD, O Canto do Uirapurú) 
- Kely Rosa
- Mambembe
Palco Zá Marinho – 20h 
- Cantoria: Rogério Menezes e Raimundo Caetano
- Recital: Chico Pedrosa 
- Tonfil e Romane (França) 
- Pernambuco Quartet (Antônio Marinho, Breno Lira, César Michiles, Lucas dos Prazeres) 
- Bia Marinho
- Flávio Leandro (Abertura: Delmiro Barros)
Dia 05 de janeiro (terça) 
Espaço João Macambira - 10h 
- Espetáculo infantil: O Touro Azul e as Canções com Rildo de Deus e Anaíra Mahin
Espaço João Macambira – 15h 
- Mesa de debate 
Tema: Zeto
Com Ésio Rafael, Nõe de Jó, Luis Homero, Antônio José de Lima e Paulo Carvalho - Acolhida: Antonio Marinho
Bodega de Job Patriota - 17h
- Recital: Vanilson Cabeção e Ícaro Tenório 
- Lançamento de livro e recital Adeus, de Miró, com intervenção visual de Raoni Assis
- Mestre Anderson e seu Terno de Maracatu
- Vozes e Versos
Palco Zá Marinho – 20h
- Lucas dos Prazeres 
- As Severinas (Lançamento do CD Tribos) 
- Val Patriota (participação de Lostiba)
- Em Canto e Poesia
- Geraldo Azevedo
Dia 06 de janeiro (quarta) 
Bodega de Job Patriota – 12h
- Confraternização com Baião de Dois
- Leitura declamada do cordel 100 anos de Louro do Pajeú, por Arlindo Lopes
- Lançamento de livro “ O rei me disse fica, eu disse não” – 100 repentes de Lourival Batista, de Marcos Nunes da Costa, Maria Helena Marinho e Raimundo Patriota
- Recital: Paulo Passos e Alan Miraestes
- Lançamento do livro Nietzsche e Rosset – Alegria, impulso e criação e da coleção Filsofia em Cordel de Lindoaldo Campos
- Recital: Graça Nascimento 
- Mesa de Glosa, Caio Menezes, Elenilda Amaral, Dudu Moraes, Dayane Rocha. Coordenação: Jorge Filó
- Cantoria: Valdir Teles e Diomedes Mariano
- Cantoria: Raimundo Caetano e Rogério Menezes
- Lucas de Oliveira interpreta Elomar 
- Trio Retalhos em Cordas
- Henrique Brandão
- Maciel Melo
 Fonte: Instituto Louro do Pajeú