quarta-feira, 3 de junho de 2015

HISTÓRIAS DE BEIRADEIRO: "Seu João Pequeno e os cabras de Antônio Silvino" por Zelito Nunes

Na década de 20, Antônio Batista de Morais, Antônio Silvino, foi o cangaceiro mais temido dos Estados da Paraíba e de Pernambuco.
A sua saga começou, como em toda história de cangaceiro, com uma vingança, quando ele matou o primeiro desafeto pra vingar a morte do próprio pai. Depois, matou outros desafetos, gostou e saiu matando os seus e os desafetos dos outros. Só parou quando foi ferido e preso em Taquaritinga, no vizinho
Estado de Pernambuco.
Seu João Pequeno era um velhinho miudinho, magrinho, que tinha uma terrinha no município de Caraúbas, no Cariri paraibano, por onde passava, de vez em quando, Antônio Silvino e seu bando desordeiro.
Usava um pequeno chapéu de couro, um bigode branco e cheio, só vestia mescla e sua vida era de casa para o roçado, e o curral dos bichos. A rua, somente nos dias de feira. Era o homem mais calmo do mundo. Só tinha um porém: Seu João era brabo que só cobra de resguardo.
Um dia, o cão bateu na sua porta, um cabra do bando de Antônio Silvino foi lá lhe pedir dinheiro e levou uma descompostura. Saiu prometendo vingança.
Esse mesmo cabra, logo depois, juntou-se com mais outros quatro e, numa boquinha de noite, cercaram a casa onde moravam Seu João e a mulher. Com a casa totalmente cercada, o cabra ofendido gritou pra Seu João:
- Meu véi, a casa tá cercada e num adianta fazer besteira, não, nós tamo tudo armado.
O velho ainda perguntou:
- E quem vem lá?
O cabra respondeu:
- Nós samo fulano, cicrano e beltrano, do bando de Antõe Sirvino.
O velho disse:
- Ah, é?
Eles responderam:
- É.
- E o que é que vocês querem ?
- Queremo uma conversinha com o senhor, pra vosmicê aprender a atender pedido de home.
E Seu João:
- Ô mulé, tira o saguim de dentro do cano do “cravinote”, que eu vou dar uma vadiada com esses meninos lá fora.
Os cabras “queimaram” o chão.

Jornal Besta Fubana

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