Gilmar Leite Faz Um Comentário Sobre o Poeta Job Patriota de Lima
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Tive
a felicidade e honra de ter convivido com alguns grandes poetas repentistas que
imortalizaram o Velho Rio Pajeú. Nasci no século em que nasceram Cancão, Pinto
do Monteiro, Lourival Batista, Rogaciano Leite, Zé Dantas, Luiz Gonzaga, Job
Patriota e tantos e tantos mestres da música e da poesia do Brasil de dentro,
tão pouco conhecido pelo mundo dos urbanóides, como diz o mestre Elomar
Figueira de Melo. Com alguns poetas e compositores, tive a felicidade de
conhecer e conviver com eles, como é o caso de Zé Marcolino, Lourival Batista e
Job Patriota, Cancão, e outros tantos. Entre todos eles, foi Job Patriota o que
mais deixou luz de poesia e rastros de apoio e carinho para os poetas, como eu,
surgiram após a geração dos poetas e compositores citados. Job Patriota, para
os poucos que não conviveram com ele, e o "Rei do Lirismo" e da
inocência, para quem como eu, teve a felicidade de passar noites e mais noites
ouvindo-o a luz do luar, envolvido pelos devaneios boêmios, em que o mestre Job
declamava ou glosando a luz da lua sertaneja. O poeta menino, foi para minha
geração o grande vate que respirou poesia até na hora crespuscular da sua
existência.
Fazer poesia, é uma coisa; viver a
poesia é outra coisa totalmente diferente. Job Patriota dormia e acordava a luz
da poesia. Não sabia e não vivia outra coisa, se não fosse o mundo da poesia.
Emotivo, notívago, sentimental, lírico, inquieto, bucólico, nostálgico,
fervilhante de poesia, estesiado pela estética do verso, contaminado pela
sinergia do viver poético, Job Patriota, respirava poesia todas as horas do
dia. Foram várias vezes que ao me encontrar com ele, o poeta já ia logo
dizendo: "Poeta, vamos para algum canto, para eu dizer ou declamar alguma
poesia. Ela está borbulhando dentro de mim, querendo explodir, e se
eu não a libertá-la, enlouqueço". Ouvi Job dizer muitas vezes isso, e
quando íamos para um lugar reservado, ele começava declamar, todo
excitado, a pele vermelha e os olhos lacrimejando. Foi onde eu vi a poesia
viva, muito além da escrita. Aqui deixo alguns versos do seu classissimo.
Saindo do hospital, onde foi
internado por causa do álcool etílico Job Patriota disse:
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A dor de mim se aproxima
Eu pra não perder a calma
Passo uma esponja de rima
Nos ferimentos da alma.
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O Poeta Bucólico do Pajeú Cancão
certa vez pediu a Job Patriota para falar dos desenganos da velhice, veja que
soneto clássico Job fez.
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DESILUSÃO
Sonhos, quimeras, ilusões, amores;
Tudo tive a minha mocidade,
Mas o tempo na sua tempestade,
Faz dos dias como faz comas flores.
Fiz das horas os meus elevadores
Pra subir a montanha da idade,
De cujo cimo fitando a mocidade
Eu pensava viver como os condores.
Nessa triste ascensão de amargas
horas,
Vi somente crepúsculos ao invés de
auroras
E à velhice cheguei aos solavancos.
Nem mais vestígios das primeiras
cenas,
Por herança de tudo herdei, apenas
Brancas coroas de cabelos brancos.
Job Patriota
Fonte: Blog Águas do Pajeú
Valeu velho Gibas pela divulgação. Abraços. Gilmar
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