quinta-feira, 21 de maio de 2020

Poesia: "Engenho da saudade", um poema de Gregório Filó


Foto: Eliane Siqueira

ENGENHO DA SAUDADE

O meu engenho de aço
Não moeu mais uma cana
Já faz mais duma semana
Que um alfenim não faço
Não vendi mais um cabaço
De garapa a freguesia
A máquina da nostalgia
É que trabalha à vontade
"Meu engenho de saudade
Quebra cana todo dia"

Nunca mais fiz uma farra
Por causa da falta dela
Vou como um boi de barbela
Atrelado à almanjarra
A moenda só esbarra
De encontro à melancolia
E a fornalha não esfria
Queimando a felicidade
"Meu engenho de saudade
Quebra cana todo dia".

Glosas: Gregório Filó
Mote: Tarciso Leite

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