quinta-feira, 7 de maio de 2020

A poesia de Nenen de Santa


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Minha casinha pequena
Minha flor de açucena
Meus eternos madrigais
Minhas manhãs nebulosas
Orvalhos, pétalas de rosas
Que já não os vejo mais.

Sonho de simplicidade
Despido de vaidade
A correr pelo terreiro
a brisa a trazer fragrância
E xexéu com elegância
Cantando no juazeiro.

As brincadeiras primeiras
O negror das cumeeiras
Da casa dos meus avós
O tempo foi apagando
Um sol que viveu brilhando
Nascido dentro de nós.

Minhas primeiras canções
Cantadas com violões
em camarins abstratos
A sombra dos mulungus
A flor dos mandacarus
São meus primeiros retratos.

Um concriz esvoaçante
Pelo espaço traçante
Voou a eternidade
Apesar de pequenino
Compôs a letra do hino
Que canta minha saudade.

Raiar dos primeiros dias
Um bulício de fantasias
A vicejar sobre mim
Mas o tempo em sua orquestra
Cessou a minha seresta
E nela, puseram um fim.

O tempo com ignorância
Me carregou a infância
Deu de presente o desgosto
Hoje já com meia idade
Carrego a minha saudade
E algumas rugas rosto.

Nenen de Santa.

Cantigas e Cantos

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