terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Poesia: “Sou eu aqui a penar Distante de São José”, um mote glosado por Brás Costa


Igreja Matriz São José - Foto Internet


“Sou eu aqui a penar
Distante de São José”

Como quem come sem fome
Quem bebe e não se embriaga
Quem gosta mas não afaga
Quem queima mas não consome
Quem não se lembra do nome
Do Deus em quem tinha fé
Como quem cheira rapé
E não consegue espirrar
Sou eu aqui a penar
Distante de São José.

Como um velho passarinho
Que se apegou a gaiola
Como quem vai à escola
E se esquece do caminho
Como se sentir sozinho
Na festa de Canindé
Visitar a Santa Sé
E voltar sem ver o Papa
Sou eu vivendo essa etapa
Distante de São José.

Como um ovelha berrando
Que se apartou do rebanho
Como quem se sente estranho
Na casa que está morando
Como quem ta esperando 
Na fila do cabaré
Como quem pede filé
E lhe dão carne com osso
Sou eu um poeta moço
Distante de São José

Como a mãe que ver o filho
Que a policia desarma
Como quem segura a arma
Mas não aperta o gatilho
Como um falso trocadilho
De sapo, sapa e sapé
Como um côco Catolé
Sendo esquecido no cacho
E mesmo assim que me acho
Distante de São José

A cabra vendo a carcaça
Do cabrito devorado
Um vira-lata acuado
Por um cachorro de raça
Como quem conquista a taça
Mas não sabe do que é
Como quem fica de pé
Mas não ver o que deseja
Sou eu tomando cerveja
Distante de São José

Brás Costa


CANTIGAS E CANTOS

Nenhum comentário:

Postar um comentário