O
documento em destaque de hoje é o poema “Círculo Vicioso”, escrito à mão, pelo
escritor Machado de Assis. “Círculo Vicioso”, segundo inúmeros críticos,
foi escrito entre 1879—1880.
CÍRCULO VICIOSO
Bailando no ar, gemia inquieto vaga-lume:
– “Quem me dera que fosse aquela loura estrela,
Que arde no eterno azul, como uma eterna vela!”
Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme:
Bailando no ar, gemia inquieto vaga-lume:
– “Quem me dera que fosse aquela loura estrela,
Que arde no eterno azul, como uma eterna vela!”
Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme:
– “Pudesse
eu copiar o transparente lume,
Que, da grega coluna à gótica janela,
Contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela!”
Mas a lua, fitando o sol, com azedume:
Que, da grega coluna à gótica janela,
Contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela!”
Mas a lua, fitando o sol, com azedume:
– “Mísera!
Tivesse eu aquela enorme, aquela
claridade imortal, que toda a luz resume!”
Mas o sol, inclinando a rútila capela:
claridade imortal, que toda a luz resume!”
Mas o sol, inclinando a rútila capela:
– “Pesa-me
esta brilhante auréola de nume…
Enfara-me esta azul e desmedida umbela…
Por que não nasci eu um simples vaga-lume?”
Enfara-me esta azul e desmedida umbela…
Por que não nasci eu um simples vaga-lume?”
Machado de Assis
Nenhum comentário:
Postar um comentário