sábado, 13 de maio de 2017

Luto: Crítico literário e sociólogo Antonio Candido morre aos 98 anos, em SP

Ele foi aluno, fundador e mestre na Universidade de São Paulo.
Professor era um dos maiores críticos literários do Brasil
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Morreu nesta sexta-feira (12), aos 98 anos, um dos maiores críticos literários do Brasil: o sociólogo e professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP Antonio Candido.

Em uma antiga gravação, Antonio Candido caminha pela universidade onde foi aluno, fundador e mestre, onde fez ciência sociais, estudou filosofia, e onde se tornou o maior crítico literário do país.

“Nós acabamos não sendo nem sociólogos nem filósofos, nós utilizamos a sociologia e a filosofia para pensar a vida cotidiana. Eu dizia, é preciso vocês pensarem sobre os seus amores, sobre a fita de cinema que vem, sobre os acontecimentos do dia, sobre pintura. Isso que é filosofia: entender a vida”, disse.

A USP decretou luto oficial de três dias. No velório desta sexta, antigos colegas de trabalho e muitos ex-alunos. Todos seus amigos.

“Um exemplo a ser admirado e quase impossível de ser imitado”, diz Jorge Schwartz, ex-aluno e amigo.

“O que me marca muito na figura dele é a generosidade com que ele acolhia alunos, como eu, sem nenhum background maior cultural, mas que ele acolheu com muito carinho”, conta a professora Marisa Lajolo.

Antonio Candido leu mais de 40 vezes “A ilustre casa de Ramires”, do português Eça de Queiroz. Amava a literatura dessa época e a formação ao estilo do século XIX que teve na infância, no interior de Minas. Atravessou o século XX ensinando, escrevendo e lutando nas trincheiras da democracia, da justiça social e da igualdade. Chegou ao século XXI e não gostou do que viu. Antonio Candido estava triste com o Brasil e com o mundo.

Por isso, a filha diz que gostaria que o pai fosse lembrado como o símbolo do contrário do que acontece hoje.

“A morte de um homem feito Antonio Candido é um símbolo que representa, primeiro, um mundo que acabou, de esperança, de sonho, de crença na igualdade, que não aconteceu”, lamenta a filha Marina de Mello e Souza.

Mas Antonio Candido era otimista e gentil. Foi assim com a vida, mesmo no nosso estranho século, e com a literatura brasileira, que estudou e amou.

“Comparada às grandes, a nossa literatura é pobre e fraca. Mas é ela, não outra, que nos exprime. Se não for amada, não revelará a sua mensagem; e se não a amarmos, ninguém o fará por nós”

G1 - Jornal Nacional

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