terça-feira, 25 de abril de 2017

Poesia: "Males da seca", um poema de Antônio Nunes

 Resultado de imagem para males da seca
 Foto: Imagem/Google

Males da seca

No riacho a areia esturricada
Traz lembranças da chuva que caia
E do barulho da água que corria 
Impedindo a passagem da estrada
Onde outrora passava prateada 
E se ouvia a zoada da cascata
Não se acha uma gota cor de prata 
Pra fazer o café de manhã cedo
Quem for lá no sertão volta com medo 
Das caveiras dos bois que a seca mata

Não se encontra mais flores na jurema
O orvalho afastou-se da manhã
 
Na represa não canta a jaçanã
 
E nunca mais cachimbou a Borborema
 
Não se escuta o cantar da seriema
Na vazante não nasce mais batata
 
Se procura e não acha uma barata
 
E no roçado não tem um pé de bredo
Quem for lá no sertão volta com medo
Das caveiras dos bois que a seca mata

No curral nunca mais berrou o gado
Na Lagoa não canta mais a gia
Nem o orvalho começa mais o dia
 
Gotejando a lavoura do roçado
Não se escuta a pingueira no telhado
Nem zoada da bica enchendo a lata
Sabiá nunca mais cantou na Mata
E nem têm água no tanque do lajedo
Quem for lá no sertão volta com medo
 
Das caveiras dos bois que a seca mata

Não se encontra mocós pelo serrote
Nunca mais vi preá passar na trilha
E no espelho da água o sol não brilha
Sertaneja não bota água no pote
Nuvens passam no céu dando calote
Aumentando demais a seca ingrata
E a cigarra fazendo a serenata
No lugar que cantava o passaredo
Quem for lá no sertão volta com medo
Das caveiras dos bois que a seca mata

Autor: Antônio Nunes 
Mote: Geraldo Amâncio
Foto de perfil de Antonio Nunes Batista Nunesabn

CANTIGAS E CANTOS

Nenhum comentário:

Postar um comentário