quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Poesia: " O poder da Natureza", um poema de Andrade Lima



 Fotos: Bal Brito

Minha Mãe me ligou toda animada;
E falou-me: - Meu filho aqui choveu!
 De emoção o meu peito estremeceu,
Ao saber que tem terra já molhada.
Eu liguei pro guichê e reservada,
Já deixei a passagem na progresso.
Quero ir ao sertão e sem ingresso,
Assistir esse filme numa rede,
Vendo o chão saciando a sua sede...
E, eu matando a saudade em meu regresso!

O relâmpago no céu dá espetáculo,
E o trovão estremece numa serra.
Canta alegre o carão; o bode berra;
E uma flor mostra o seu receptáculo.
Nada o sapo e desvia o obstáculo,
Dirigindo um balseiro "ingarranchado!"
Dá pra ver que por Deus habilitado,
Ele foi sem pagar nenhum tostão...
Quando a nuvem se rasga, molha o chão,
E na enchente o verão morre afogado!

Sem ter água não pode ter fartura;
E é caríssimo o preço do legume.
Pra comprar, só se for, pouco volume,
Pois não tem quem aguente essa amargura.
Quando chove o Senhor da agricultura
Sente alívio e faz prece em oração.
Quem deu quinze reais em um feijão,
Com três meses já vê o resultado...
Esquecendo o caminho do mercado,
E os castigos perversos do verão!

Crescem ramas, babugens e capim,
E o rebanho se farta nos cercados.
Ninguém vê mais o fogo em alastrados,
Pois a seca que tinha levou fim.
Borboletas pousando no jardim
E nas poças de água do caminho,
É comum e o cantar do passarinho
Prova a todos que não tem mais tristeza.
Só o Autor da sagrada natureza,
É capaz de mudar tudo sozinho!
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Andrade Lima
23/02/2017
Sertão do Pajeú - Pernambuco








CANTIGAS E CANTOS

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