Fotografia de Jorge Correia
O mendigo
Sob a sombra e o silêncio que apavora
A longínqua lembrança que consome
De sofrer esqueceu o próprio nome
No tormento do pranto que evapora.
A longínqua lembrança que consome
De sofrer esqueceu o próprio nome
No tormento do pranto que evapora.
Desprezado, sozinho, vive agora
Pelas ruas e becos vence a fome
Muitos dias e noites nada come,
A beber cada gota que a alma chora.
Pelas ruas e becos vence a fome
Muitos dias e noites nada come,
A beber cada gota que a alma chora.
Pedindo, o sacomano passa o dia
Sob o sol, e, a sofrer na noite fria
Desolado como se não bastasse
Sob o sol, e, a sofrer na noite fria
Desolado como se não bastasse
Ao nascer de cada dia ver-se morto
No seu mundo sombrio - talvez seu horto
Despregado da vida esconde a face.
No seu mundo sombrio - talvez seu horto
Despregado da vida esconde a face.
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